Nesta segunda-feira (29.abr.2024), o Governador de Mato Grosso, Mauro Mendes (União Brasil), acusou o presidente francês, Emmanuel Macron, de interferir no agronegócio brasileiro. Mendes afirmou que Macron teria "capturado" o cacique Raoni para criticar a construção da Ferrogrão, uma ferrovia que visa ligar as cidades de Sinop (MT) e Miritituba (PA) para escoamento de grãos em portos na região Norte.
Segundo Mendes, Macron teria se reunido com Raoni, que está a mais de 300 km de onde passará a Ferrogrão, e logo após a reunião o cacique teria se manifestado contra a construção da ferrovia. O governador negou que o projeto da ferrovia atravessa reservas indígenas e acusou "especialistas jogando contra o Brasil e contra o agronegócio brasileiro" de disseminarem essa informação falsa, financiados por governos estrangeiros.
Mendes ressaltou que já conversou com o líder indígena e que ele seria favorável à construção da ferrovia. Ele também alertou sobre tentativas de implementar instrumentos para "barrar" o agronegócio nacional e frear sua competitividade internacional. Mendes destacou que os franceses têm dificuldades em manter sua agricultura, baseada em subsídios, e que a eficiência do agronegócio brasileiro ameaça a competitividade de outros países, como os EUA e principalmente a França.
A Ferrogrão, que tem como objetivo facilitar o escoamento de grãos produzidos na região centro-oeste do Brasil, está envolta em polêmicas relacionadas à consulta às comunidades indígenas impactadas pelo empreendimento. Os ministérios dos Povos Indígenas e dos Transportes definiram que 16 terras indígenas potencialmente afetadas pela ferrovia devem ser consultadas. Essa definição é vista como um marco para o avanço do projeto, possibilitando a realização de um cronograma de audiências sem ser travado por novas demandas.
Apesar disso, o grupo de trabalho que estuda a viabilidade do projeto teve seu prazo prorrogado pelo Ministério dos Transportes em 12 de abril, sem chegar a um entendimento sobre a questão. O licenciamento ambiental é o próximo passo para avaliar a rentabilidade da obra.