Em meio à grave crise financeira que assola os Correios, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) não poupou críticas à administração de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Em entrevista ao canal Auriverde Brasil, nesta terça-feira (10), Bolsonaro responsabilizou o governo atual pelos prejuízos da estatal e contestou a versão apresentada pela administração Lula sobre os números negativos da empresa.
“Pegaram esse balanço negativo de R$ 1 bilhão e botaram na minha conta. Nos quatro anos em que os Correios foram superavitários comigo, passou a ser deficitário no último ano porque, no Brasil, até o passado é incerto”, afirmou Bolsonaro, ressaltando que sua gestão deixou a empresa financeiramente equilibrada.
A principal fonte de discórdia entre o ex-presidente e o governo Lula é o reconhecimento de um passivo trabalhista de aproximadamente R$ 1 bilhão, que, segundo Bolsonaro, foi uma decisão unilateral da atual administração. Ele afirmou que durante sua gestão e a do ex-presidente Michel Temer, esse passivo não foi reconhecido como dívida, tornando a responsabilidade pelo pagamento algo que recai sobre o governo de Lula.
“Os Correios começaram a dar lucro no governo Temer, pouco mas deu. Depois, foi lá pra cima o lucro. Agora, reconhecem esse passivo e jogam a culpa em nós”, criticou Bolsonaro, destacando que a atual administração deveria assumir as consequências dessa decisão.
Além disso, o ex-presidente criticou a medida que impôs uma tributação de 20% sobre compras internacionais de até US$ 50, conhecida como “taxa das blusinhas”. Essa mudança, implementada em 2023, teria gerado uma perda de receita estimada em R$ 1 bilhão para os Correios em 2024, de acordo com documentos internos da estatal.
Bolsonaro argumentou que, durante seu governo, os Correios apresentaram resultados positivos e que a crise atual é um reflexo de decisões políticas tomadas pelo governo Lula. “Nosso governo foi responsável e evitou repassar esse prejuízo para a empresa. Agora, resolveram mexer nisso e querem culpar o passado”, disse.
Os documentos internos recentemente divulgados indicam que os Correios enfrentam seu terceiro ano consecutivo de prejuízos e estão em risco de insolvência. Entre os fatores que contribuíram para a crise estão a “taxa das blusinhas”, o sucateamento da infraestrutura e a falta de investimentos nos últimos anos, que foram, em média, de R$ 345 milhões anuais entre 2019 e 2021 — um valor considerado insuficiente para manter a operação da estatal de maneira sustentável.