Em mais um capítulo da acirrada disputa comercial com a China, os Estados Unidos anunciaram novas taxas portuárias para navios construídos ou operados por empresas chinesas. A medida, segundo o governo norte-americano, busca impulsionar a construção naval doméstica e conter o avanço do domínio chinês no setor marítimo global.
O anúncio foi feito na quinta-feira (17) por meio de um aviso do Federal Register, publicado pelo Representante Comercial dos EUA (USTR, na sigla em inglês). As novas tarifas entrarão em vigor em aproximadamente 180 dias, serão implementadas de forma gradual e poderão ser elevadas ao longo dos próximos anos.
De acordo com o plano, navios de propriedade e operação chinesa pagarão inicialmente uma taxa de US$ 50 por tonelada líquida, com acréscimos anuais de US$ 30 pelos próximos três anos. Já embarcações construídas na China, mas operadas por empresas não chinesas, arcarão com US$ 18 por tonelada líquida, também com aumento anual de US$ 5.
O Representante Comercial dos EUA, Jamieson Greer, justificou a decisão como uma iniciativa para “reverter o domínio chinês, enfrentar ameaças à cadeia de suprimentos dos EUA e estimular a demanda por navios construídos nos Estados Unidos”.
Reações divergentes
A resposta de Pequim veio rapidamente. O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Lin Jian, classificou as novas tarifas como “medidas prejudiciais que impactam negativamente ambos os lados”. Segundo ele, a política eleva os custos do transporte marítimo global, aumenta a inflação nos EUA e não alcançará o objetivo de revitalizar a indústria naval americana.
As novas taxas substituem uma proposta anterior, feita em fevereiro, que previa a cobrança de até US$ 1,5 milhão por escala de navios chineses em portos americanos — medida que provocou forte reação da indústria naval e foi posteriormente suavizada.
Guerra comercial em escalada
A decisão faz parte de uma estratégia mais ampla da administração Trump, que tem adotado uma postura agressiva em relação à China desde o início do mandato. As tarifas sobre produtos chineses já somam 145%, enquanto Pequim respondeu com impostos de 125% sobre mercadorias americanas.
Apesar da retórica inflamada, Trump indicou na semana passada que busca um “ponto de equilíbrio” nas tarifas. “Não quero que eles aumentem porque chega um ponto em que as pessoas não compram mais”, afirmou.
O presidente também declarou interesse em retomar negociações com a China. Fontes próximas ao governo chinês indicam que Pequim está aberta ao diálogo, mas exige respeito mútuo e maior consistência por parte dos EUA.
Impacto global
Especialistas alertam que a nova rodada de tarifas pode aprofundar ainda mais as tensões entre as duas maiores economias do mundo, afetando o comércio global e ampliando incertezas econômicas.
Enquanto os EUA tentam reaquecer sua indústria naval, o mercado global observa atentamente os desdobramentos dessa nova fase da guerra comercial, que promete impactos significativos nos setores de transporte marítimo, logística e comércio exterior.