O assassinato do ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil em Mato Grosso (OAB-MT), Renato Nery, em julho deste ano, está sendo investigado como parte de uma disputa jurídica envolvendo o casal César Jorge Sechi e Julinere Goulart Bentos, alvo da Operação Office Crime, deflagrada pela Polícia Civil na manhã desta quinta-feira (28).
O casal e outros advogados foram investigados pela suposta fraude envolvendo imóveis avaliados em R$ 30 milhões, localizados no município de Novo São Joaquim, interior de Mato Grosso.
Nery havia recebido esses imóveis como pagamento de honorários advocatícios por meio de um processo de reintegração de posse. Ele tinha como sócio o empresário Luiz Carlos Salesse.
A batalha legal se intensificou semanas antes de seu assassinato, quando Nery protocolou uma representação na OAB-MT acusando o advogado Antônio João de Carvalho Júnior de se apropriar dos imóveis e de negociá-los de forma irregular.
A denúncia chegou às autoridades por meio da Ordem dos Advogados do Brasil.
Em uma reviravolta judicial, a empresária Julinere Goulart Bentos e seu marido César Jorge Sechi, que haviam tentado manter a posse dos imóveis, foram multados em R$ 300 mil por litigância de má-fé após o juiz da Vara Única da Comarca de São Joaquim, Alexandre Meinberg Ceroy, rejeitar os embargos de terceiros apresentados por eles.
A decisão judicial indicou que Julinere havia falsificado documentos para tentar reverter a reintegração de posse, configurando fraude processual.
O crime que vitimou Renato Nery, atingido por disparos na cabeça enquanto chegava a seu escritório, continua sendo investigado, com a polícia ainda analisando a possível relação entre o assassinato e os conflitos legais envolvendo os imóveis.
Nery morreu no dia seguinte ao atentado, após passar por cirurgias, e sua morte gerou repercussão no meio jurídico e na sociedade mato-grossense.