A Polícia Civil de Rondonópolis realizou, no dia 27 de setembro, a Operação Infiltrados, que revelou uma rede criminosa operando sob a fachada da Associação dos Familiares e Amigos de Recuperandos de Rondonópolis (Afar). A presidente da associação, L.V.D.C., de 29 anos, foi presa, e a organização teve suas atividades suspensas após a decisão judicial.
A investigação, conduzida pela Delegacia Especializada de Roubos e Furtos (Derf), apontou que a Afar, além de promover eventos assistenciais, como a distribuição de cestas básicas e realização de torneios de futebol, era utilizada para lavar dinheiro proveniente do tráfico de drogas. A associação também angariava apoio político para a eleição de integrantes do grupo, como o advogado A.C.C.C., conhecido como “Capitão”, que concorre a um cargo de vereador em 2024.
Lavagem de dinheiro e assistencialismo
Segundo as investigações, o tráfico de drogas dominava a região da Vila Operária, onde a Afar promovia atividades que aparentavam beneficiar a comunidade, mas, na verdade, serviam para financiar a facção criminosa. Eventos beneficentes, rifas e bingos eram organizados com recursos ilícitos, com o objetivo de conquistar a confiança de moradores, especialmente jovens e crianças.
Além de dinheiro do tráfico, a associação também recebia um repasse de R$ 120 mil anuais da Prefeitura de Rondonópolis, fruto de um acordo firmado em abril deste ano. A polícia apontou que esse dinheiro era desviado para a organização criminosa, mascarando o repasse como financiamento de atividades assistenciais.
Uso político da associação
Outra descoberta da investigação foi o uso político da Afar para promover a candidatura do advogado A.C.C.C., comumente chamado de “Capitão”. Integrantes da organização criminosa eram obrigados a participar de grupos de mensagens e campanhas eleitorais, inclusive adesivando veículos com slogans do candidato.
Durante a operação, foram apreendidas cartelas de bingo, cestas básicas e material de campanha eleitoral, além de indícios do envolvimento de familiares da presidente da associação, que são foragidos da polícia e conhecidos por liderarem o tráfico de drogas na Vila Operária.
Reincidência criminosa
A Afar já havia sido alvo de outras operações policiais, como a Operação Reditus, em 2018, e a Operação Armadillo, em 2023, que investigou a tentativa de fuga de líderes criminosos de uma penitenciária por meio de um túnel. Esses casos mostram a continuidade das atividades ilícitas da organização, que se infiltrou profundamente na sociedade local.
Com a Operação Infiltrados, a Polícia Civil pretende desarticular completamente o esquema de tráfico e lavagem de dinheiro que operava sob a fachada da Afar, buscando ainda os foragidos e avançando nas investigações sobre o uso de associações para o crime organizado em Rondonópolis.