A deputada estadual Janaina Riva (MDB) somou-se ao coro de críticas contra o CEO do Carrefour na França, Alexandre Bompard, após o anúncio de que o grupo suspenderá a compra de carne de países do Mercosul, incluindo o Brasil. Em um vídeo publicado no Instagram nesta sexta-feira (22), a parlamentar classificou a medida como irrelevante para a economia brasileira, mas alertou que pode causar impacto severo para os franceses caso o Brasil decida aplicar medidas de reciprocidade.
“Para a gente, isso não é nada significativo. Mas, para eles, se o presidente Lula impuser as mesmas restrições ao Brasil na lei da reciprocidade, com certeza vão se arrepender dessa decisão contra o nosso país e, especialmente, contra Mato Grosso”, declarou Janaina.
Impacto simbólico
Janaina destacou que a compra de carne brasileira pelo Carrefour representa apenas 0,005% da produção nacional, o que ela considera insignificante. “Li um artigo muito bom que compara isso: a França parar de comprar carne do Brasil é como o Brasil deixar de comprar rapadura na França. Ou seja, não faz diferença para a nossa economia”, afirmou.
Por outro lado, a deputada argumentou que a França depende de incentivos governamentais para manter sua produção agrícola, que utiliza cerca de 60% do território francês, enquanto o Brasil usa menos de 12% para produção agropecuária.
Preservação ambiental e competitividade
Janaina também rebateu a narrativa de que o Brasil não produz de forma sustentável, destacando que Mato Grosso é o estado que mais preserva o meio ambiente e, ao mesmo tempo, lidera a produção nacional. “Temos condições de expandir nossa produção sem causar degradação ambiental, e isso preocupa a União Europeia. Eles seguem com campanhas de difamação, como a moratória da soja e da carne, mas não podemos nos render a essas conversas fiadas”, enfatizou.
Contexto do veto
Na quarta-feira (20), Alexandre Bompard enviou uma carta ao presidente da Federação Nacional dos Sindicatos de Agricultores da França, comunicando que o Carrefour deixará de comprar carne dos países do Mercosul. O CEO justificou que os produtos sul-americanos não atendem às exigências e normas francesas, pedindo que outras empresas sigam o mesmo movimento.
A decisão ocorre em meio a preocupações da França com a concorrência desleal dos produtos brasileiros, que têm custos menores e alta competitividade, em contraste com a produção agrícola francesa, que é dependente de subsídios governamentais.
Repercussão no Brasil
O anúncio gerou críticas generalizadas de setores ligados ao agronegócio. Em Mato Grosso, o presidente da Associação dos Criadores do Mato Grosso (Acrimat), Oswaldo Pereira Ribeiro Junior, emitiu nota de repúdio, considerando a medida uma afronta à soberania brasileira.
O governador Mauro Mendes (União Brasil) também reagiu, convocando a população a boicotar as redes Carrefour e Atacadão no estado, em retaliação à decisão.
Janaina Riva finalizou seu posicionamento pedindo maior preparo das futuras gerações para defender a produção brasileira, reforçando a importância do Mato Grosso no cenário global: “Somos o estado que mais produz e preserva no Brasil. Precisamos nos manter firmes contra essas decisões que tentam desvalorizar nosso trabalho”.