Nesta segunda-feira (25) representantes de 46 entidades que compõem a cadeia produtiva do agronegócio brasileiro assinaram uma carta em que expressam “profundo repúdio” à decisão do Carrefour da França de suspender a compra de carne do Brasil e de outros países do Mercosul.
Entre os signatários da carta, destacam-se associações mato-grossenses como Acrimat, Aprosmat, Aprosoja MT e Fiemt.
De acordo com os representantes do setor agropecuário, a postura do Carrefour reflete um protecionismo que não condiz com a realidade de um grupo que opera em diversos mercados financeiros.
“Tal posicionamento, além de desvalorizar a qualidade e a sustentabilidade das carnes produzidas nos países do Mercosul, prejudica o diálogo e a parceria necessária para enfrentar desafios globais como a segurança alimentar”, defendem na carta.
Os signatários ressaltam que o Brasil se destaca como referência na produção e exportação de proteínas animais, liderando o mercado global na exportação de carne bovina e de frango.
Com um mercado consumidor abrangendo mais de 160 países, incluindo membros da União Europeia, Estados Unidos, Japão e China, os representantes do agronegócio alertam que a decisão da empresa francesa subestima a importância das exportações brasileiras.
Os dados apresentados na carta evidenciam a evolução do setor agropecuário brasileiro nos últimos 30 anos, com um aumento de 172% na produtividade e uma redução de 16% na área de pastagens, enquanto as áreas preservadas somam 282,8 milhões de hectares equivalente a quatro vezes o tamanho da França e oito vezes o da Alemanha.
"Esses avanços foram possíveis graças a um compromisso contínuo com inovação, eficiência produtiva e práticas sustentáveis", afirmam.
Além disso, a carta critica a decisão do Carrefour, considerando-a “injustificada” e afirmando que a postura da empresa limita o acesso dos consumidores europeus a produtos de alta qualidade, seguros e sustentáveis.
“Se uma carne brasileira não serve para abastecer o Carrefour na França, é difícil entender como ela poderia ser considerada adequada para abastecer qualquer outro mercado”, questionam.
Por fim, os representantes do setor reafirmam o compromisso com uma produção responsável e sustentável, pedindo que empresas globais como o Carrefour operem com princípios de cooperação, transparência e respeito ao livre mercado.
A carta reflete a indignação das entidades do agronegócio e levanta um importante debate sobre as barreiras comerciais e a valorização da produção local frente às decisões de grandes corporações internacionais.