O presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT), Lucas Costa Beber, fez duras críticas à Moratória da Soja, destacando uma aparente incoerência no compromisso assumido por grandes tradings. O questionamento surgiu após a confirmação de que a Cargill, uma das signatárias do acordo, realizou desmatamento em vegetação nativa, incluindo áreas de mata ciliar, em 2022, às margens do Rio Madeira.
A Moratória da Soja, firmada em 2006 entre grandes empresas do setor, ONGs e o governo brasileiro, proíbe a compra de soja de áreas desmatadas após julho de 2008 na Amazônia. Para Lucas, a situação levanta dúvidas sobre a credibilidade do acordo.
"Cabe a pergunta: qual é a coerência? Como os compradores europeus, que impõem a Moratória da Soja aos produtores, vão enxergar o ato que essa empresa cometeu?", questionou.
Apesar da crítica, o presidente da Aprosoja-MT ressaltou que o desmatamento promovido pela Cargill foi realizado dentro da legalidade, com autorização do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Segundo ele, o mesmo se aplica a muitos produtores afetados pela Moratória.
"Os produtores que a Moratória impõe também estão dentro da legalidade e de acordo com o Código Florestal Brasileiro. Temos que lembrar que essa política fere diretamente a livre iniciativa, afeta os produtores, regula a oferta no mercado e, acima de tudo, promove desigualdades sociais no setor e nos municípios", concluiu.
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