A presença de áreas VIP em cultos da Igreja Batista da Lagoinha tem gerado uma onda de críticas e debates dentro e fora do meio evangélico. O modelo, adotado em unidades como Alphaville (SP) e Orlando (EUA), prevê espaços exclusivos para personalidades públicas, com benefícios que incluem estacionamento reservado, bufê, camarim e assentos próximos ao palco. A iniciativa, segundo os líderes da instituição, visa oferecer conforto e segurança a figuras públicas que desejam frequentar os cultos sem sofrer abordagens excessivas. No entanto, a medida tem sido amplamente questionada por fiéis e teólogos, que apontam uma distorção dos princípios cristãos fundamentais.
A crítica mais recorrente diz respeito à incompatibilidade entre a proposta de exclusividade e os valores centrais do Evangelho, como igualdade, humildade e acolhimento. O teólogo e pastor Rodrigo Quintã, por exemplo, avalia que a área VIP representa a entrada de uma lógica de mercado dentro do espaço religioso, promovendo distinções que não encontram respaldo nos ensinamentos de Cristo. “O Evangelho não cria divisões entre pessoas, muito menos a partir de critérios sociais ou de fama. Quando a igreja naturaliza isso, ela se afasta do projeto do Reino de Deus”, declarou em entrevista ao UOL.
Cristãos que frequentam a Lagoinha também expressaram desconforto com a diferenciação. Marília Teodoro, advogada e frequentadora da unidade Alphaville, relatou que a segregação causa incômodo entre os membros da igreja. “Quando você vai a um culto, está em busca de renovação espiritual, não de status. Saber que algumas pessoas têm um espaço exclusivo, enquanto o restante da congregação divide os bancos comuns, fere o princípio de irmandade”, afirmou ao jornal O Globo.
Mesmo entre lideranças evangélicas, há vozes dissonantes. O pastor Eduardo Reis, da Reino Church em Balneário Camboriú (SC), criticou publicamente o modelo. Ele destacou que não há qualquer tipo de privilégio em sua congregação – nem mesmo para o próprio pastor. “Na nossa igreja não existe isso de cadeira reservada. Quem chega primeiro, senta na frente”, disse, reiterando o compromisso com a igualdade entre os membros da comunidade.
Em resposta às críticas, o pastor André Fernandes, líder da unidade da Lagoinha em Alphaville, publicou um vídeo explicando a proposta. Ele argumenta que o espaço VIP não visa gerar segregação, mas sim proteger artistas e personalidades que, por serem alvos constantes de assédio, não conseguem assistir aos cultos com tranquilidade. Fernandes ressaltou ainda que esses convidados, em muitos casos, frequentam a igreja de maneira discreta e têm encontrado na área reservada um ambiente mais propício para sua experiência espiritual.
Contudo, para muitos cristãos, o centro da fé jamais pode ser substituído por conveniências humanas. O foco do culto cristão é Jesus Cristo — e não celebridades que por ventura decidam frequentar templos evangélicos. Se há segregação entre fiéis dentro de uma igreja, ainda que justificada sob qualquer argumento, é legítimo dizer que ali Jesus não está presente.
Wilson Mamedes 10/04/2025
Esse absurdo, não é visto numa Instituição, por sinal, contestada pelas igrejas, chamada Maçonaria. Possui no seu quadro de obreiros, irmãos de todos os níveis social, dividindo cadeiras e fileiras. \"Oh quão bom sermos irmãos\"
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