A consagração de ‘Ainda Estou Aqui’ no Oscar foi celebrada por muitos como um reconhecimento das perseguições políticas durante o regime militar.
O filme, que traz à tona histórias de vítimas daquela época, tocou o público e externou uma narrativa consolidada sobre os abusos do Estado contra seus opositores.
O mesmo entusiasmo, no entanto, não se aplica quando o tema é a perseguição política nos dias de hoje.
Os que antes exigiam anistia para aqueles que foram presos e exilados pelo regime militar agora ignoram ou mesmo justificam as condenações impostas pelo Supremo Tribunal Federal contra opositores do atual governo.
Pessoas que depredaram prédios públicos em 8 de janeiro são condenadas a penas que ultrapassam 17 anos, enquanto jornalistas, políticos e até juízes vivem sob a ameaça de prisões arbitrárias, muitas vezes por meras opiniões ou críticas diretas ao sistema vigente.
Casos como o de Daniel Silveira e Roberto Jefferson, além do exílio forçado de diversos comunicadores, escancaram a realidade de um tribunal que age sem qualquer mecanismo de controle.
Clezão, que morreu na cadeia, e Oswaldo Eustáquio, que ficou com sequelas permanentes após sua prisão, são exemplos do preço dessa seletividade.
Filipe Martins foi preso injustamente, acusado de fugir para os EUA sem qualquer prova. Há relatos de que Martins sofreu torturas e até solitária no período detenção.
Se no passado a anistia foi defendida como essencial para a pacificação do país, por que hoje essa mesma lógica é rejeitada? A diferença é que, desta vez, as vítimas não pertencem ao espectro ideológico que domina as instituições.
Os que antes condenavam a repressão agora se calam, mostrando que sua defesa dos direitos humanos sempre foi apenas uma questão de conveniência política. Anistia já!
Editorial do Conexão Política publicado em suas redes sociais em 03/02/2025.