Campinápolis, a 505 km de Cuiabá, ocupa uma posição de destaque no cenário nacional quando o assunto é o Bolsa Família. O município registra o segundo maior valor médio pago pelo programa em todo o Brasil: R$ 913,68 por família em fevereiro, ficando atrás apenas de Uiramutã, em Roraima, onde o benefício ultrapassa R$ 1 mil.
Os dados refletem uma realidade preocupante: em Campinápolis, o número de beneficiários do Bolsa Família supera o de trabalhadores ocupados. Enquanto 1.820 famílias recebem o auxílio, apenas 1.362 pessoas estão empregadas, seja com carteira assinada ou atuando na informalidade.
Com uma população de 15,3 mil habitantes, sendo 8.453 indígenas, Campinápolis é o município com a maior população indígena do Brasil. A dependência do Bolsa Família evidencia a escassez de oportunidades no mercado de trabalho local e reforça a necessidade de políticas públicas voltadas para o desenvolvimento econômico da região.
Em Mato Grosso, o valor médio do benefício é de R$ 679,79, contemplando 245,4 mil famílias e somando um investimento federal de R$ 166,24 milhões neste mês. Além do valor base, 155 mil crianças de zero a seis anos recebem o Benefício Primeira Infância, que adiciona R$ 150 por integrante dessa faixa etária na composição familiar. Também há adicionais de R$ 50 para crianças e adolescentes de 7 a 18 anos, gestantes e nutrizes.
Entre os municípios mato-grossenses, além de Campinápolis, os maiores valores médios do Bolsa Família são registrados em Alto da Boa Vista (R$ 779,97), Nova Nazaré (R$ 772,33) e Figueirópolis D’Oeste (R$ 757,25).
O elevado número de famílias indígenas contempladas pelo programa também chama atenção. Em todo o estado, são 11,3 mil famílias indígenas beneficiadas, além de 2,1 mil famílias em situação de rua e 726 famílias com pessoas resgatadas de trabalho análogo à escravidão.
Os números de Campinápolis evidenciam um desafio recorrente em algumas regiões do país: se, por um lado, o Bolsa Família garante segurança alimentar e renda mínima, por outro, a falta de empregos e oportunidades torna o programa a principal fonte de sustento para muitas famílias. O grande desafio do município – e de Mato Grosso como um todo – é fortalecer a economia local, gerar empregos e reduzir a dependência do benefício social.
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