Um ofício confidencial, de nº 52618459/2024, obtido com exclusividade pelo portal Mais Brasília, revela que os Correios enfrentam um rombo de aproximadamente R$ 1,8 bilhão até agosto de 2024. O documento, datado de 11 de outubro de 2024, alerta sobre a crise financeira da estatal, que luta para equilibrar suas receitas e despesas.
O documento, encaminhado aos executivos, superintendentes estaduais, chefes de departamento e órgãos de mesmo nível diz que:
“Como é de conhecimento de todos, a Empresa vem enfrentando dificuldades na manutenção de um patamar razoável de equilíbrio entre Receitas e Despesas. No período de janeiro/24 a agosto/2024, as disponibilidades de caixa registraram redução de, aproximadamente, R$ 1,8 bilhão relativamente ao saldo negativo no início do exercício. Na mesma direção, o cenário prospectivo aponta que, ao encerramento do ano corrente, o saldo em caixa seja em torno de 83% inferior ao reportado no início de 2024”.
De acordo com o ofício, as disponibilidades de caixa caíram drasticamente, e a previsão é de que, até o fim do ano, o saldo em caixa seja 83% inferior ao registrado no início de 2024. Esse cenário marca o terceiro ano consecutivo de prejuízo, um contraste com o período do governo de Jair Bolsonaro, quando a empresa figurava na lista de privatizações e operava com lucro.
Recentemente, a revista Veja também divulgou que a estatal registrou um prejuízo de R$ 1,3 bilhão no primeiro semestre de 2024. O recuo nas receitas de serviços tradicionais, como a entrega de cartas, que caiu 8%, e a desaceleração no segmento internacional, que avançou apenas 1%, agravam ainda mais a situação.
Apesar de os Correios manterem o monopólio da entrega de cartas no Brasil, esse nicho vem encolhendo, enquanto o mercado de encomendas, impulsionado pelo comércio eletrônico, cresce cada vez mais, mas enfrenta forte concorrência. Mesmo assim, a receita com encomendas teve crescimento modesto de apenas 1,4% no último semestre.
Além disso, as estatais brasileiras, incluindo os Correios, registraram um déficit conjunto de R$ 7,2 bilhões entre janeiro e agosto de 2024. Desse total, 47% referem-se a estatais federais, e o restante a empresas estaduais, configurando o maior prejuízo do setor desde 2002. Esse cenário coloca pressão adicional nas contas públicas, já que o Tesouro Nacional será responsável por cobrir o déficit das estatais.
Com a estatal fora da lista de privatizações sob o governo Lula, a recuperação financeira dos Correios se torna um desafio cada vez maior para a gestão pública.
Com informações da revista Veja e InfoMoney