Yoko, um chimpanzé de 38 anos, teve uma vida marcada por adversidades. Raptado quando era ainda um bebê, o macaco foi criado por um "barão da droga", vivendo em cativeiro com um tratamento altamente humanizado. Durante os últimos dois anos, ele esteve no Bioparque Ukumari, em Pereira, na Colômbia, onde viveu isolado após a morte de sua última companheira, Chita, que fugiu e foi fatalmente baleada.
Agora, Yoko iniciou uma nova fase de sua vida ao ser transferido para o Brasil, em uma operação denominada Arca de Noé. O chimpanzé foi levado para um santuário em Sorocaba, São Paulo, considerado o maior da América Latina dedicado a grandes espécies. Lá, ele se juntará a outros chimpanzés da mesma espécie.
Humanizado e Comportamento Inusitado
Quem cuidou de Yoko descreve o animal como "muito humanizado". O chimpanzé foi ensinado a usar talheres, jogar bola, assistir à televisão e até criar obras de arte com lápis de cera, demonstrando um grau de domesticação incomum para sua espécie. Seu comportamento lembra o de uma criança humana.
Seus alimentos preferidos incluem doces e frango, frutos de sua alimentação com comida industrializada quando vivia com o narcotraficante. Por esse motivo, Yoko também tem apenas quatro dentes, quando deveria ter 32.
Cuidado com a Adaptação no Santuário
O histórico de Yoko levanta preocupações sobre sua adaptação ao novo ambiente. Ao contrário dos chimpanzés selvagens, que são naturalmente animais sociais, Yoko tem características muito mais próximas dos seres humanos, o que pode dificultar sua interação com outros da sua espécie. Os especialistas temem que ele tenha dificuldades em entender a comunicação dos outros chimpanzés, como, por exemplo, o sorriso, que para os macacos é um sinal negativo.
O veterinário Javier Guerrero, que acompanhou Yoko durante o resgate, destaca que o chimpanzé tem comportamentos de uma criança, devido à sua longa convivência com seres humanos. "Ele não entende muitas das regras sociais dos chimpanzés", disse Guerrero.
Impacto do Passado e Esperança para o Futuro
Yoko foi um exemplo trágico de como o narcotráfico no passado costumava manter animais exóticos como "animais de estimação". Na década de 1990, os líderes de cartéis de drogas possuíam uma variedade de animais, como tigres, leões e até hipopótamos. No entanto, o tratamento que Yoko recebeu, que incluiu fumar e vestir roupas humanas, resultou em sérios danos à sua saúde, como uma doença de pele que fez com que perdesse parte de seu pelo.
Com cuidados adequados em cativeiro, Yoko pode viver por mais anos, já que chimpanzés podem chegar até os 60 anos, apesar de sua expectativa natural de vida ser de 40 a 50 anos em liberdade.