As comunidades mais vulneráveis de Várzea Grande estão sendo dominadas por organizações criminosas que têm cooptado adolescentes para o mundo do crime, alerta o promotor de Justiça Silvio Rodrigues Alessi Junior, que atua na 5ª Promotoria de Justiça Cível do município há seis anos. Segundo o promotor, de 10 a 15 jovens são encaminhados mensalmente para cumprir medidas socioeducativas devido à prática de atos infracionais.
O tráfico de drogas é o principal ato infracional entre os adolescentes, mas muitos também são aliciados para participar de golpes, aproveitando-se da habilidade desses jovens com tecnologias. As organizações criminosas têm preferido atividades ilícitas sem violência, como tráfico e estelionato, que acarretam menor intervenção policial e permitem que os adolescentes retornem rapidamente ao crime.
Alessi ressalta a evidente ligação desses jovens com associações criminosas, especialmente nos atos mais graves, como tráfico, roubo, latrocínio e homicídio. Ele observa que, embora a comprovação de associação criminosa seja difícil, o comportamento dos adolescentes, como a destruição de provas e o apoio logístico que recebem, indica claramente a participação em grupos organizados.
A aplicação de medidas socioeducativas, como internações, é uma tentativa de combater essa tendência, com três a quatro medidas sendo impostas por mês. No entanto, a eficácia dessas ações é limitada pela dificuldade de apreender os jovens a tempo, o que pode resultar na prescrição das medidas ou na migração para o crime na vida adulta.
A 5ª Promotoria de Várzea Grande também lida com questões cíveis relacionadas à proteção de menores, como destituição do poder familiar, guarda e educação, buscando prevenir que mais adolescentes sejam atraídos para o crime.