O desembargador afastado João Ferreira Filho e sua esposa, Maria de Lourdes Guimarães Filha, tentaram enganar agentes da Polícia Federal (PF) durante a primeira fase da Operação Sisamnes.
Segundo relato dos agentes, o casal fingiu não estar em casa ao ouvir os policiais chamarem.
"Batemos na casa do desembargador João Ferreira Filho, tocamos a campainha, mas ninguém atendeu. Chamamos um chaveiro e, ao entrar, encontramos ele e a esposa sentados na cama, com os armários todos abertos e revirados", descreve o relatório enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF).
A operação investiga um esquema de venda de sentenças no Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJ-MT) e ocultação de bens.
Maria de Lourdes, que também é servidora do tribunal, foi proibida de acessar o prédio ou os sistemas judiciais e teve o passaporte retido.
Além dela, Alice Terezinha Artuso, enteada do magistrado, também é investigada por envolvimento no esquema. Ambas são acusadas de agir como laranjas para ocultar bens provenientes do esquema criminoso.
Relatórios do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) apontam movimentações suspeitas, incluindo pagamentos para empresas ligadas ao desembargador, aquisição de imóveis e a compra de uma motocicleta Harley Davidson no valor de R$ 25 mil.
As investigações revelaram ainda que Alice, que atualmente ocupa um cargo na Assembleia Legislativa de Mato Grosso, recebeu um salário de R$ 9.311,76 e teria feito transações em benefício do magistrado.
Entre os valores identificados estão R$ 1,8 milhão repassados por uma empresa ligada ao advogado Roberto Zampieri.
A Operação Sisamnes foi deflagrada em agosto, quando João Ferreira Filho e outro desembargador foram afastados do TJ-MT sob suspeita de envolvimento na venda de decisões judiciais.
Desde então, as apurações vêm ampliando o alcance do esquema, agora com investigações focadas em familiares do magistrado afastado.