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BRASIL Sábado, 14 de Setembro de 2024, 12:57 - A | A

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SP

Como roubo milionário frustrado levou polícia a cangaceiros do PCC

Morte de membro do PCC em troca de tiros com a PM do Tocantins ajudou PF a identificar núcleo envolvido com roubos e assassinatos

METRÓPOLES

São Paulo  Um mega-assalto frustrado a uma transportadora de valores em Confresa, no Mato Grosso, em abril do ano passado, não só resultou em um prejuízo milionário ao Primeiro Comando da Capital (PCC), como também ajudou a Polícia Federal (PF) a identificar um núcleo do “Novo Cangaço” da facção, especializado em roubos a banco e assassinatos.

A célula de homens e mulheres planejava, organizava e financiava o “domínio de cidades”, ação que literalmente deixava municípios reféns dos criminosos, com o uso de armamento de grosso calibre, o bloqueio de ruas com veículos e as táticas de guerrilha urbana — com direito a roupas camufladas, balaclavas e coturnos.

Na ação no Mato Grosso, participaram 18 criminosos. Eles não conseguiram abrir o cofre da empresa Brinks, mesmo com o uso de explosivos, deixando para trás, na fuga, os R$ 30 milhões que queriam e uma onda de terror na região.

 

Todos foram “caçados” e mortos por 350 policiais, de cinco estados, nos dias seguintes. No último tiroteio com policiais militares no Tocantins, em maio de 2023, morreu Ronildo Alves dos Santos, o Magrelo.

Com sua identificação, a PF descobriu que, antes do mega-assalto frustrado, foram movimentados mais de R$ 3,4 milhões na conta bancária dele, de forma fracionada. Ao procurar a origem dos depósitos, todo o núcleo de “cangaceiros” que enviou valores para Magrelo foi identificado.

Pequeno e Pantera

A investigação da PF, obtida pelo Metrópoles, mostra que Magrelo foi para a ação no Mato Grosso substituindo Fleques Pereira Lacerda, o Pequeno, porque estava precisando de dinheiro.

 

Pequeno é apontado como a principal liderança dessa célula do PCC, tendo como braço direito o irmão Delvane Lacerda, o Pantera. Ambos são responsáveis por contribuir para que a facção estendesse os tentáculos no Piauí.

Pequeno estaria envolvido em mais três casos de “domínios de cidade”, além da ação fracassada em Confresa: um em Criciúma (SC), em 2020; outro em Araçatuba, no interior de São Paulo, um ano depois; e, em 2022, na paranaense Guarapuava.

Ele foi assassinado em dezembro de 2023, em um salão de beleza em Osasco, na Grande São Paulo. Foram identificadas, em seu corpo, perfurações provocadas por munição de pistola.

 
 

Antes da execução, Pequeno construiu um patrimônio milionário, com o qual mantinha um alto padrão de vida.

O criminoso recebia o lucro pela venda de drogas, bem como R$ 80 mil mensais, enviados por seu primo, Vagner dos Santos Silva, integrante do setor financeiro do núcleo de cangaceiros. Também eram contemplados com depósitos: a sogra de Pequeno, a esposa e o cunhado dele, Fabiana Rocha de Souza e Fabio Rocha Silva de Souza, cujo nome também constava no registro de um apartamento em Osasco.

Pantera, como mostram as investigações da PF, coordenava os homicídios de rivais e o tráfico de armas e drogas, com o apoio da esposa, Elaine Souza Garcia, de 34 anos, mais conhecida como Patroa. Após a morte de Pequeno, Pantera exigiu que a viúva e o irmão dela entregassem armas, drogas, dinheiro e veículos pertencentes ao parente assassinado.

Em conversa na véspera do Natal de 2023, interceptadas pela polícia, Pantera e Patroa falam sobre os bens deixados por Pequeno. Na ocasião, armas e munições já haviam sido restituídas ao casal, que estava atrás do dinheiro e dos veículos deixados “de herança” pelo antigo líder do bando.

Sócios de sangue

Os irmãos eram sócios em diversas bocas de fumo em São Paulo e no Piauí, onde foram responsáveis pela chegada do PCC, como mostram as investigações.

Para manter sua hegemonia nas regiões onde vendiam drogas, em território piauiense, os irmãos promoveram execuções de rivais.

Como afirmado por comparsas de Pequeno, em conversas interceptadas pela PF, ele comprava o quilo da cocaína por R$ 20 mil e o revendia por R$ 44 mil, “um negócio muito lucrativo”.

Um comparsa e amigo de Pequeno, identificado como Janes Nogueira da Silva, acrescentou que os irmãos deveriam ter focado em “só ganhar dinheiro”, e não em “ter matado gente demais”.

 

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