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BRASIL Segunda-feira, 27 de Maio de 2024, 05:58 - A | A

Segunda-feira, 27 de Maio de 2024, 05h:58 - A | A

DELAÇÃO PREMIADA

Lessa afirma que lucraria R$ 100 milhões com assassinato de Marielle Franco

Segundo o ex-PM seria criada uma nova milícia, que seria liderada por ele próprio

 

 Em um depoimento chocante, o ex-policial militar Ronnie Lessa revelou detalhes sobre os mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco. Em delação premiada exibida pelo programa Fantástico, da TV Globo, Lessa afirmou que os irmãos Domingos e Chiquinho Brazão ofereceram a ele e a um comparsa dois loteamentos clandestinos na zona oeste do Rio para a instalação de uma nova milícia. Segundo Lessa, o negócio criminoso poderia render mais de US$ 20 milhões.

Lessa, que admitiu ter executado a vereadora, detalhou a proposta dos irmãos Brazão. Ele contou que os lotes foram oferecidos a ele e ao ex-PM Edimilson de Oliveira, o Macalé, assassinado em 2021. "Era muito dinheiro envolvido. Na época, daria mais de US$ 20 milhões. A gente não está falando de pouco dinheiro," disse Lessa no vídeo da delação. Ele explicou que a proposta não se limitava ao assassinato, mas envolvia a criação de uma nova milícia que exploraria serviços ilegais como "gatonet", transporte alternativo e venda de gás.

O Crime e os Mandantes

Na delação, Lessa confessou que a morte de Marielle foi uma ação planejada pelos irmãos Brazão, que viam a vereadora como uma ameaça aos seus interesses. "Ela teria convocado reuniões com lideranças comunitárias para falar sobre esse assunto, para que não houvesse adesão a novos loteamentos da milícia," afirmou Lessa. A oferta de Domingos Brazão incluiu a promessa de que a milícia traria votos e garantisse poder político local.

Lessa relatou que se reuniu três vezes com os mentores do crime, duas antes do assassinato e uma após. "O Domingos fala mais e o Chiquinho concorda. Era um encontro secreto porque a situação pedia uma coisa dessa," disse Lessa. No entanto, a Polícia Federal (PF) registrou em seu relatório que não encontrou provas desses encontros, que, segundo Lessa, ocorreram em uma rua escura da Barra da Tijuca.

Implicações e Acusações

A delação também envolveu o delegado Rivaldo Barbosa, apontado como um dos autores intelectuais do crime. Barbosa, que assumiu a chefia da Polícia Civil do Rio um dia antes do assassinato, teria recebido R$ 400 mil para atrapalhar as investigações do caso. Lessa afirmou que o delegado usou sua posição para garantir a impunidade dos envolvidos.

Além de Marielle, outro alvo cogitado pelos Brazão foi o ex-deputado Marcelo Freixo, atual presidente da Embratur. No entanto, Lessa conseguiu convencer os irmãos a não prosseguirem com o plano devido à projeção política de Freixo, que à época era uma das principais lideranças do PSOL.

Defesas e Reações

Os irmãos Brazão negam categoricamente qualquer envolvimento no crime. Em nota, os advogados de Domingos Brazão afirmaram que "não existem elementos que sustentem a versão de Lessa," enquanto a defesa de Chiquinho Brazão classificou a delação como uma "desesperada criação mental na busca por benefícios."

Rivaldo Barbosa também negou as acusações, afirmando nunca ter tido contato com os irmãos Brazão e criticando o relatório da PF por se basear apenas no testemunho de Lessa. A defesa de Barbosa destacou que ele deveria responder ao processo em liberdade, argumentando que ele não oferece risco à ordem pública.

A revelação de Lessa adiciona uma nova camada de complexidade ao caso Marielle Franco, cujas circunstâncias continuam a reverberar intensamente na sociedade brasileira, levantando questões sobre corrupção, violência e o poder das milícias no Rio de Janeiro.

 
 
 

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