A rede social X, anteriormente conhecida como Twitter e de propriedade do bilionário Elon Musk, começou a ser bloqueada em todo o Brasil a partir da meia-noite deste sábado (31). A suspensão da plataforma foi ordenada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), após a empresa se recusar a nomear um representante legal no país, como exigido pela legislação brasileira.
Desde o início da madrugada, usuários brasileiros relatam dificuldades para acessar a rede social, restando apenas a opção de utilizar uma VPN (rede privada virtual) para contornar o bloqueio. No entanto, o ministro Moraes também impôs uma multa diária de R$ 50 mil para aqueles que tentarem burlar a suspensão por meio desse recurso, aumentando as implicações legais para quem insiste em acessar o X.
A decisão do ministro ocorre no auge de uma crise crescente entre a Suprema Corte e a rede social de Musk, que tem sido um palco central para discussões políticas acaloradas e, segundo o STF, para a disseminação de desinformação e ataques à democracia. Moraes, que lidera vários inquéritos contra a extrema direita bolsonarista, tem sido alvo de críticas por parte de Musk. O empresário já chegou a acusar o ministro de ser um "ditador" por suspender perfis na plataforma que são acusados de promoverem ataques ao regime democrático.
O confronto entre a rede social e as autoridades brasileiras se intensificou em 17 de agosto, quando o X anunciou o fechamento de seus escritórios no Brasil, alegando sofrer "censura" devido às multas impostas pela Justiça por desrespeitar ordens judiciais. Na ocasião, a plataforma declarou: "Estamos profundamente tristes por termos sido forçados a tomar essa decisão. A responsabilidade é exclusivamente de Alexandre de Moraes. Suas ações são incompatíveis com um governo democrático."
Em resposta ao fechamento dos escritórios e à recusa em nomear um representante legal, Moraes deu um prazo de 24 horas, na última quarta-feira (28), para que o X cumprisse a legislação brasileira. Com a falta de cumprimento por parte da empresa, a suspensão da rede social foi efetivada.
Elon Musk, conhecido por seu apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro, reagiu duramente ao bloqueio, classificando Moraes como um "pseudojuiz" e acusando-o de "destruir" a liberdade de expressão no Brasil. Musk, que também é investigado no inquérito das milícias digitais conduzido pelo STF, tem utilizado o X para expressar suas opiniões sobre a política brasileira e as ações do Judiciário.
O bloqueio da rede social X representa um novo capítulo na já tensa relação entre a plataforma e as autoridades brasileiras, colocando em xeque questões como liberdade de expressão.
