Com a iminente decisão sobre o novo Papa, a Igreja Católica e seus fiéis se encontram em um momento de grande expectativa. O conclave, que deverá ocorrer nas próximas semanas, promete definir o futuro da liderança da Igreja, e especialistas já começam a fazer previsões sobre a direção que o novo pontífice pode tomar.
Na visão do jornalista e especialista em cristianismo, Rodrigo Alvarez, a tendência é de um Papa mais moderado, distante da postura progressista adotada por Francisco. Em sua participação no programa Jornal Gente, da Rádio Bandeirantes, Alvarez comentou sobre o impacto das escolhas de Francisco na configuração do Colégio de Cardeais, destacando que, embora tenha nomeado 108 dos 135 cardeais, isso não garante a lealdade destes à sua visão de Igreja. "A lealdade deles é com o que querem para a doutrina da Igreja", afirmou o jornalista.
Alvarez considera que o Papa Francisco, em sua gestão, poderia ser visto como uma figura alinhada à esquerda, uma vez que tomou decisões que tocaram profundamente nos dogmas tradicionais da Igreja. "Se formos ver pelo espectro político, ele foi mais à esquerda possível, tocou em dogmas da Igreja instituídos por São Paulo", explicou.
O jornalista destacou como um exemplo do afastamento de Francisco dos ensinamentos tradicionais a questão da aceitação dos homossexuais. Para Alvarez, a postura do Papa em acolher a comunidade LGBT foi um rompimento com uma doutrina mais conservadora, que, segundo ele, remonta aos tempos de São Paulo. O apóstolo, em suas epístolas, teria condenado de forma veemente a homossexualidade, incluindo uma suposta condenação à morte dos homossexuais na carta aos Romanos, algo que ainda representa um "incômodo" para a Igreja Católica.
"Na carta aos Romanos, no primeiro capítulo, Paulo condena à morte os homossexuais. É um incômodo à Igreja lidar com isso, porque como que se tem em um livro sagrado um desejo de morte?", questionou Alvarez. Para ele, o acolhimento feito por Francisco aos homossexuais representou uma ruptura com a tradição cristã. "Então, os conservadores estão incomodados com toda essa mudança doutrinária e querem recolocar a Igreja mais para o centro", concluiu.
A expectativa agora é de que o próximo Papa busque um retorno a uma postura mais moderada, conciliando as tradições doutrinárias com os desafios contemporâneos que a Igreja enfrenta. A escolha do novo pontífice será crucial para definir o futuro da Igreja Católica, principalmente em um momento em que questões como a aceitação de diferentes grupos sociais e a renovação da fé cristã se tornam cada vez mais debatidas.