As novas tarifas sobre as importações chinesas para os Estados Unidos subirão para 104% na quarta-feira, anunciou a Casa Branca nesta terça-feira (8), cumprindo uma ameaça do presidente Donald Trump.
O republicano anunciou na semana passada que suas novas tarifas aduaneiras alcançarão 54% sobre os produtos chineses a partir de quarta-feira, e ameaçou aumentá-las em mais 50% caso a China retaliasse. Pequim decidiu impor um imposto de 34% sobre os produtos americanos a partir de quinta-feira.
A China prometeu, nesta terça, que lutará contra as tarifas dos Estados Unidos "até o fim", depois que o presidente Donald Trump ameaçou adotar taxas adicionais, em uma nova escalada na guerra comercial entre as duas maiores economias do planeta.
Apesar do temor de uma recessão global provocada pelas tarifas, que resultou em uma queda expressiva das Bolsas na segunda-feira (7), Trump parece descartar no momento uma pausa em sua política comercial agressiva.
A China, o principal rival econômico de Washington, mas também um parceiro comercial essencial, respondeu ao anúncio de tarifas da semana passada com medidas similares de retaliação, ao divulgar taxas de 34% sobre os produtos americanos a partir da próxima quinta-feira (9).
Pouco depois, Trump reagiu com a ameaça de novas tarifas, que elevariam os impostos dos Estados Unidos sobre os produtos chineses a um total de 104%.
"Tenho um grande respeito pela China, mas não podem fazer isso", disse Trump na Casa Branca.
A China denunciou as "pressões, ameaças e chantagens" dos Estados Unidos, em declarações do porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Lin Jian.
Por sua vez, um porta-voz do Ministério do Comércio advertiu que "a ameaça dos Estados Unidos de aumentar as tarifas contra a China é um erro após o outro e expõe, mais uma vez, a natureza chantagista dos Estados Unidos".
"Os Estados Unidos insistem em seguir seu próprio caminho, a China lutará até o fim", acrescentou, antes de explicar que o país asiático adotará "contramedidas" para defender seus "direitos e interesses", embora, ao mesmo tempo, tenha solicitado o "diálogo".
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, pediu nesta terça-feira que os países evitem uma "escalada" e defendeu "uma resolução negociada para a situação atual (...) para apoiar um sistema de comércio reformado, livre, justo e nivelado".
Mas o primeiro-ministro chinês, Li Qiang, disse em um telefonema com Van der Leyen, que seu país tem "ferramentas" suficientes para "compensar" as turbulências econômicas.
Mercados voláteis
As Bolsas registraram uma leve recuperação nesta terça-feira, após uma segunda-feira de quedas generalizadas nos mercados da Ásia, Europa e Estados Unidos.
Na Ásia, Tóquio fechou em alta de mais 6%, após a queda de 8% na véspera. Na Europa, os principais índices operavam em alta: às 11h00 GMT (8h00 de Brasília), Paris avançava 1,4%, Londres 1,74%, Frankfurt 1,37% e Madri 0,80%.
Wall Street também abriu em forte alta, após três quedas bruscas.
Os três principais índices americanos operavam em alta de mais de 3% no início das operações, depois que Trump apresentou de forma positiva um telefonema com o governo sul-coreano, enquanto o secretário do Tesouro americano, Scott Bessent, afirmou que o Japão busca negociações rápidas.
Os analistas temem que a guerra comercial provoque mais inflação, mais desemprego e menos crescimento.
Trump alega que a economia dos Estados Unidos foi "saqueada" durante anos pelo resto do mundo.
Na semana passada, ele anunciou uma tarifa geral de 10% sobre todos os produtos importados, à qual são adicionadas tarifas específicas por países, incluindo os Estados da União Europeia (20%) ou o Vietnã (46%), que devem entrar em vigor na quarta-feira (9).
Os 27 países da UE tentam buscar uma resposta comum e o bloco assinalou que poderia apresentar na próxima semana sua resposta às tarifas impostas por Trump.
Bruxelas também propôs uma isenção total e recíproca de direitos de aduana para os produtos industriais, inclusive automóveis, mas Trump disse na segunda-feira que isto não era suficiente para equilibrar o déficit comercial dos Estados Unidos com a UE.
O secretário do Tesouro americano, Scott Bessent, afirmou em uma entrevista ao canal Fox News que as tarifas de importação anunciadas em 2 de abril servirão para colocar os Estados Unidos em uma posição de força.
Segundo Bessent, uma vez que recebam garantias de outros países sobre como abrirão ainda mais seus mercados aos produtos americanos, "o presidente Trump estará pronto para negociar". Ele disse que "quase 70 países" já entraram em contato com Washington.