Justin Trudeau, primeiro-ministro do Canadá, anunciou nesta segunda-feira, 6 de janeiro, que deixará o cargo nos próximos meses. Após quase uma década no poder, Trudeau decidiu também renunciar à liderança do Partido Liberal, abrindo caminho para que um novo líder seja escolhido internamente para substituí-lo. Até que isso ocorra, ele permanecerá como chefe de governo.
A decisão de Trudeau ocorre em um momento delicado para o Canadá, marcado por pressões externas e uma crise interna. Entre os fatores que levaram à renúncia, destacam-se a crise financeira enfrentada pelo país, atribuída às políticas socialistas implementadas durante sua gestão, e o crescente isolamento internacional após a ameaça do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor novas taxas comerciais ao Canadá. As medidas pressionariam ainda mais a economia canadense, já fragilizada.
Contexto político e econômico
Trudeau, que lidera o Partido Liberal desde 2013, governou em um sistema parlamentarista no qual o partido com a maioria na Câmara dos Comuns detém o poder executivo. Com eleições gerais previstas para este ano, que precisam ser realizadas até 20 de outubro, Trudeau optou por não dissolver o Parlamento e convocar eleições antecipadas. Em vez disso, preferiu aguardar a escolha de um novo líder dentro de sua legenda, que assumirá também a função de primeiro-ministro interino até o pleito.
A crise financeira do Canadá é apontada como uma das principais razões para a perda de apoio de Trudeau. Entre as críticas às suas políticas, destacam-se os altos investimentos em programas sociais que aumentaram significativamente o déficit fiscal, além de medidas consideradas excessivamente regulatórias para setores produtivos, como energia e mineração. O impacto dessas políticas refletiu-se no crescimento econômico reduzido e na insatisfação popular, sobretudo entre empresários e contribuintes.
O anúncio da renúncia também ocorre em meio à ameaça de Trump de impor tarifas comerciais adicionais sobre produtos canadenses, um movimento que reviveria as tensões comerciais entre os dois países vividas durante o governo do republicano. Essa pressão externa intensificou o clima de instabilidade política no Canadá.
Suspensão das atividades parlamentares
De acordo com informações da emissora canadense CBC, Trudeau solicitou a suspensão das atividades do Parlamento até 24 de março, embora os deputados já estivessem em recesso até 27 de janeiro. A medida é vista como uma tentativa de conter debates acalorados sobre sua gestão, permitindo que seu sucessor assuma o cargo em um ambiente político menos turbulento.
A trajetória de Justin Trudeau
Filho de Pierre Trudeau, que governou o Canadá entre 1968 e 1984, Justin Trudeau chegou ao poder em 2015, aos 44 anos, com a promessa de renovar a política canadense. Antes de ingressar na política, foi professor de matemática e francês e destacou-se publicamente em 2000, ao realizar um discurso marcante no funeral de seu pai. Eleito deputado pela primeira vez em 2008, Trudeau assumiu a liderança do Partido Liberal em 2013 e venceu as eleições dois anos depois, encerrando quase uma década de governo dos Conservadores.
Durante seus anos no poder, Trudeau buscou implementar políticas progressistas, incluindo a legalização da maconha, ampliação de direitos LGBTQIA+, investimentos em energia limpa e a criação de programas sociais abrangentes. No entanto, o impacto fiscal de suas políticas e a percepção de gestão ineficiente em momentos de crise, como durante a pandemia, contribuíram para a deterioração de sua popularidade.
Com a renúncia, o Canadá entra em um período de transição política, que poderá definir os rumos econômicos e diplomáticos do país nos próximos anos.