Serviços de segurança ucranianos confirmaram à BBC e à AFP que levaram a cabo uma operação especial para matar Igor Kirillov. O general, chefe das Forças de Defesa Nuclear, Biológica e Química da Rússia, e o seu assistente foram mortos na sequência de uma explosão num bairro em Moscovo.
Os serviços de segurança da Ucrânia (SBU) assumem ser os autores do atentado que levou à morte do general Igor Kirillov, chefe das Forças de Defesa Nuclear, Biológica e Química da Rússia, e do seu assistente na madrugada desta terça-feira em Moscovo.
Fonte interna do SBU confirmou à AFP que se tratou de "uma operação especial". À BBC fonte do SBU disse que Kirillov era “um alvo legítimo”, por ser um criminoso de guerra que deu ordens para utilizar armas químicas proibidas contra os militares ucranianos.
O general russo Igor Kirillov e o seu assistente foram vítimas de uma explosão quando saíam de um edifício de apartamentos num bairro situado sete quilómetros a sudeste do Kremlin, na capital russa.
Segundo o Comité de Investigação da Rússia, que já abriu um procedimento criminal por terrorismo, foi detonado um explosivo que estava escondido numa trotineta. A bomba, operada remotamente, continha o equivalente a 300 gramas de explosivos, avança a agência noticiosa russa TASS, acrescentando que vários carros e os primeiros quatro andares de um edifício de apartamentos ficaram danificados.
Na segunda-feira, os serviços secretos ucranianos (SBU) acusaram Igor Kirillov à revelia, afirmando que ele era “responsável pela utilização em massa de armas químicas proibidas”.
De acordo com a principal Agência de Segurança e de Inteligência da Ucrânia, dois mil soldados ucranianos foram feridos por munições K-1 com gases CS e CN, que são normalmente lançados por drones russos nas trincheiras. O uso destas granadas é proibido pela Convenção sobre as Armas Químicas que entrou em vigor a 29 de abril de 1997.
As armas químicas são usadas, refere o SBU, para forçar os soldados ucranianos a sair das suas trincheiras e enfrentar fogo direto.
O SBU alega que foram utilizadas armas químicas na Ucrânia mais de 4.800 vezes desde a invasão russa em fevereiro de 2022.
Em outubro, o Reino Unido impôs sanções a Kirillov, declarando que o general tinha supervisionado o uso de armas químicas na Ucrânia e atuado como um “importante porta-voz da desinformação do Kremlin”.
O Estados Unidos avançaram este ano que a Rússia tinha usado cloropicrina, um agente asfixiante muito utilizado na Primeira Guerra Mundial, bem como gás lacrimogéneo no campo de batalha.
"Retaliação inevitável"
O ex-presidente da Rússia e atual vice-presidente do Conselho de Segurança do país, Dmitri Medvedev, ameaçou a "liderança política e militar" da Ucrânia na sequência do assassinato de Igor Kirillov, dizendo que Kiev enfrentará a "retaliação inevitável".
“Ao aperceber-se da inevitabilidade da sua derrota militar, lança ataques covardes e desprezíveis em cidades pacíficas”, afirmou Medvedev.
Embora alguns generais russos tenham morrido no teatro de guerra na Ucrânia, Igor Kirillov é o oficial militar de mais alta patente a ser morto dentro da Rússia desde a invasão da Ucrânia em fevereiro de 2022.