Enquanto o Brasil enfrenta desafios econômicos e milhares de trabalhadores do setor privado lidam com salários médios entre R$ 2.500 e R$ 3.000, o Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJ-MT) decidiu conceder um polêmico presente de Natal aos seus servidores.
Sob a nomenclatura de “auxílio-alimentação”, o valor que normalmente gira em torno de R$ 2.000 será inflado em dezembro, alcançando exorbitantes R$ 10.000 para cada servidor ativo.
Essa iniciativa ocorre em um cenário onde o próprio Judiciário brasileiro é constantemente criticado por ser o mais caro do mundo. Além disso, a diferença de renda entre o funcionalismo público e o trabalhador médio do setor privado é gritante. No caso do TJ-MT, esse “presente” não é apenas uma questão de sensibilidade social, mas também de gestão de recursos públicos. Afinal, quem paga a conta é o contribuinte.
O custo do Judiciário
O TJ-MT, como tantos outros tribunais do país, frequentemente pressiona por aumentos no repasse do duodécimo, alegando insuficiência de recursos. Contudo, a decisão de “turbinar” o auxílio-alimentação escancara a lógica de “gaste tudo para não devolver nada”. Ao invés de retornar ao Executivo os valores excedentes de seu orçamento, o tribunal opta por distribuir essa quantia de forma que soa como uma premiação injustificada e sem critérios claros.
Essa atitude sinaliza negativamente para população, especialmente em um momento em que o país enfrenta incertezas econômicas.
Enquanto milhões de brasileiros lutam para fechar as contas no final do mês, o Judiciário Mato-grossense opta por ações que reforçam o abismo entre o funcionalismo público e o trabalhador comum.
Política econômica em colapso e o exemplo negativo
O contexto é ainda mais grave quando se considera o cenário macroeconômico. Hoje, 18 de dezembro, o dólar alcançou R$ 6,30, a maior cotação da história, indicando sérios problemas nas políticas econômicas do governo.
O aumento da inflação corrói o poder de compra, e muitas famílias vivem com orçamentos apertados. Nesse ambiente, o TJ-MT parece desconectado da realidade ao conceder um benefício que equivale a meses de salário para a maioria dos trabalhadores brasileiros.
Além do mais a elite do Judiciário também se beneficia de uma série de penduricalhos que há anos incomodam a opinião pública. Reportagens frequentes revelam contracheques de autoridades do judiciário que, somados a auxílios e benefícios, ultrapassam os R$ 500 mil em um único mês. Essa disparidade salarial é um reflexo indigesto de como os recursos públicos são utilizados, perpetuando a desigualdade e reforçando a percepção de que o Estado serve mais a si mesmo do que aos interesses da população.
Ao invés de um gesto de responsabilidade e sensibilidade social, a iniciativa se transforma em um presente extravagante, custeado com o dinheiro do contribuinte. Em meio a uma economia em crise, a sociedade é obrigada a assistir ao espetáculo de um Judiciário alheio à realidade, que deixa de ser exemplo e prioriza os próprios interesses.
Enquanto o mercado de trabalho privado luta para sobreviver, o TJ-MT escancara uma dura verdade sobre a máquina pública brasileira: desconectada da realidade e à custa dos pagadores de impostos.