Midianews
O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) deflagrou nesta quinta-feira (20) a Operação Acqua Ilicita, que investiga um esquema milionário de extorsão e lavagem de dinheiro liderado por uma facção criminosa em Cuiabá e Várzea Grande.
Comerciantes dessas cidades eram obrigados a pagar taxas abusivas ou comprar exclusivamente de fornecedores indicados pela organização.
Uma das 30 contas monitoradas pelo Gaeco movimentou aproximadamente R$ 15 milhões em apenas seis meses.
Segundo o delegado Hércules Batista, há indícios de que parte desse dinheiro tenha sido transferida para pessoas do Rio de Janeiro sem profissão definida, levantando suspeitas sobre a abrangência do esquema.
A investigação começou após denúncias anônimas de comerciantes que não suportavam mais a coação imposta pela facção. “Eles não conseguiam mais trabalhar devido ao medo e às taxas impostas”, afirmou Batista.
Os criminosos forçavam as vítimas a adquirirem galões de água mineral de fornecedores ligados ao grupo, além de pagarem R$ 1 por unidade vendida.
O esquema, extremamente lucrativo, já previa um reajuste das taxas para R$ 2 ou R$ 2,50 por galão em 2025.
Em alguns casos, os comerciantes eram obrigados a apresentar notas fiscais de compra para que a facção calculasse as cobranças, independentemente de venda ou lucro.
Caso se recusassem a pagar, eram ameaçados de forma velada.
Para ampliar o controle sobre o mercado, a facção estava construindo galpões para armazenar grandes quantidades de água mineral adquiridas diretamente de fabricantes.
Se não houvesse pagamento da taxa, os comerciantes eram forçados a comprar exclusivamente desses depósitos.
A operação cumpriu 60 mandados de busca e apreensão, 12 de prisão e sequestro de bens e valores ilícitos, incluindo 33 veículos.
Cerca de 400 agentes, entre promotores e policiais, participaram da ação nos municípios de Cuiabá, Várzea Grande, Nobres e Sinop.
Paralelamente, a Polícia Civil realizou a Operação Falso Profeta, mirando o mesmo esquema criminoso.
Um dos alvos é o pastor Ulisses Batista, que também estaria envolvido nas extorsões e está foragido no Rio de Janeiro. Ao todo, as operações têm quatro alvos em comum.
A expectativa das autoridades é de que o desmantelamento desse esquema traga alívio para os comerciantes e impeça que a população pague a conta desse crime, já que o aumento das taxas seria repassado aos consumidores.
As investigações continuam para identificar todos os envolvidos e o destino dos valores movimentados pela organização criminosa.