Os gastos sigilosos do cartão corporativo da Presidência da República atingiram um novo recorde em 2024, totalizando R$ 25,9 milhões ao longo do ano. O montante representa um aumento de aproximadamente 10% em relação a 2023, quando as despesas secretas do governo federal somaram R$ 23,5 milhões.

Se forem incluídas as despesas menores, cujos valores são discriminados, o total gasto pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a primeira-dama Janja e sua equipe chegou a R$ 26,2 milhões no ano passado. Antes disso, o maior valor nominal havia sido registrado em 2022, último ano do governo de Jair Bolsonaro, quando os gastos secretos chegaram a R$ 24,6 milhões. Se corrigido pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), esse montante equivaleria a R$ 27 milhões em valores atuais.

A tendência de alta nos gastos se mantém em 2025. Nos primeiros 45 dias do ano, a fatura dos cartões sigilosos já soma R$ 1,3 milhão, segundo levantamento da revista Crusoé.

Pressão da oposição

Diante do aumento expressivo dessas despesas, a oposição tem intensificado a fiscalização sobre os gastos do governo. Nesta semana, o deputado federal Cabo Gilberto Silva (PL-PB) apresentou um requerimento para convocar o ministro da Casa Civil, Rui Costa, a fim de prestar esclarecimentos sobre o crescimento das despesas com os cartões corporativos da Presidência.

“A crescente utilização dos cartões corporativos sem justificativas públicas adequadas levanta questionamentos sobre a moralidade e a economicidade desses gastos. Em um momento em que se discute a necessidade de ajuste fiscal e corte de despesas desnecessárias, torna-se imperativo que o governo explique as razões desse aumento expressivo nos desembolsos da Presidência”, argumenta o parlamentar no pedido de convocação.

Ele também criticou a falta de transparência nas despesas secretas: “A sociedade brasileira tem o direito de saber por que o Executivo está gastando valores elevados em despesas sigilosas, enquanto pede sacrifícios financeiros à população por meio de aumento de impostos e outras medidas de ajuste fiscal. A transparência e a prestação de contas são pilares fundamentais da democracia e da boa governança.”

Evolução dos gastos nos últimos anos

Os valores destinados aos cartões corporativos da Presidência variaram ao longo da última década. Confira a evolução dos gastos sigilosos desde 2014:
• 2025 (até 15 de fevereiro): R$ 1.396.933,44
• 2024: R$ 25.930.082,13
• 2023: R$ 23.581.978,70
• 2022: R$ 24.627.371,20
• 2021: R$ 18.894.115,68
• 2020: R$ 19.188.856,91
• 2019: R$ 14.889.017,90
• 2018: R$ 11.030.925,97
• 2017: R$ 10.289.744,68
• 2016: R$ 12.438.023,20
• 2015: R$ 13.904.436,67
• 2014: R$ 20.132.803,00

O aumento dos gastos secretos tem sido alvo de críticas recorrentes, especialmente por parte de parlamentares da oposição. No entanto, o governo federal não divulgou detalhes sobre as despesas, alegando que as informações são classificadas como sigilosas por questões de segurança.

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