Detido há 80 dias na Vila Militar, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, o general Walter Braga Netto segue em isolamento, com acesso restrito a visitas e dispositivos eletrônicos. Ex-ministro da Defesa e da Casa Civil, ele é acusado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) de envolvimento em uma tentativa de golpe de Estado no fim do governo de Jair Bolsonaro.
Segundo sua defesa, o general nega as acusações e estaria indignado com a prisão. "Ele está inconformado, pois se encontra preso com base em uma mentira", afirmou o advogado José Oliveira Lima.
Monitoramento constante e rotina restrita
Braga Netto é o militar de maior patente entre os investigados e permanece detido em uma sala de Estado-Maior, com TV, banheiro exclusivo, geladeira e ar-condicionado. Durante os banhos de sol diários, é escoltado por policiais militares e monitorado 24 horas.
As visitas são restritas a familiares e advogados, com exceções que precisam ser autorizadas pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF. Uma dessas exceções ocorreu em 7 de fevereiro, quando o atual comandante do Exército, general Tomás Paiva, visitou Braga Netto para uma conversa protocolar de 15 minutos.
Mensagens revelam pressão sobre militares
Investigações da Polícia Federal apontam que Braga Netto teria incentivado ataques contra Tomás Paiva nas redes sociais, visando pressionar militares que resistiam à adesão ao suposto esquema golpista. Em uma mensagem a um capitão expulso do Exército, o general ironizou:
"Nunca valeu nada. Parece até que é PT desde pequenininho."
O Exército afirmou, em nota, que os detidos estão isolados e recebem assistência religiosa, médica e psicológica, cumprindo rigorosamente as condições estabelecidas pelas autoridades.