Pela primeira vez desde o início da pandemia, o Brasil registrou em 2024 mais mortes por dengue do que por covid-19. De acordo com o Ministério da Saúde, 6.068 pessoas perderam a vida em decorrência da dengue, superando os 5.959 óbitos causados pela covid-19 no mesmo período.
O aumento de 414% nas mortes por dengue em relação a 2023, quando foram registrados 1.179 óbitos, é atribuído ao período mais chuvoso do país, entre novembro e maio, que favorece a proliferação do mosquito Aedes aegypti, transmissor da doença.
A situação foi agravada pela continuidade do fenômeno El Niño, que gerou condições climáticas ideais para o crescimento das populações do vetor. Dados do Painel de Monitoramento de Arboviroses já apontavam uma alta expressiva em outubro de 2024, com 5.618 mortes até a semana epidemiológica 40.
Outro fator de alerta é a reintrodução do sorotipo 3 do vírus da dengue (DENV-3), que não circulava amplamente desde os anos 2000. A baixa imunidade da população ao sorotipo elevou os casos graves, sobrecarregando os serviços de saúde, especialmente em estados como São Paulo, Espírito Santo e Paraná.
A ministra da Saúde, Nísia Trindade, destacou a necessidade de ações intensivas para combater o mosquito e reforçou que a incidência da doença pode permanecer alta em 2025. "O cenário exige uma resposta integrada para evitar novos surtos e reduzir os riscos à saúde pública", afirmou.