Quase oito anos após admitir propinas bilionárias nas investigações da Operação Lava Jato, a empresa JBS, dos irmãos Joesley e Wesley Batista, ressurge no noticiário de uma nova investigação da Polícia Federal contra corrupção, agora envolvendo sentenças do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1). A companhia dos irmãos Batista é suspeita de irregularidades em R$ 15 milhões pagos a uma advogada de um grupo suspeito de um suposto esquema de venda de decisões judiciais liderado pelo lobista Andreson de Oliveira Gonçalves.
Dados do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) enviados à PF registraram suspeitas de irregularidades nos repasses milionários da JBS para a advogada Mirian Ribeiro Rodrigues, esposa do lobista preso pela PF em novembro passado.
Segundo reportagem da coluna de Aguirre Talento, no UOL Notícias, entre as movimentações apontadas como suspeitas pelo Coaf está um pagamento feito por Mirian ao escritório de outra advogada, Aline Gonçalves de Sousa, que é esposa do desembargador do TRF1, César Jatahy.
Entre os R$ 15 milhões pagos pela JBS à esposa do lobista ligada à mulher do desembargador estão dois pagamentos da JBS ao escritório de Mirian, R$ 11,5 milhões, em 1º de junho de 2023; e R$ 4,6 milhões, em 16 de junho de 2023.
Honorários suspeitos
A esposa do desembargador, Aline de Sousa, recebeu uma transferência de R$ 938 mil da esposa do lobista, em junho de 2023. Ele disse ao UOL que foi contratada por Mirian para atuar em um processo judicial, sem detalhar de que se tratava o caso. E não respondeu se a contratação envolveu algum processo no TRF1, em quem seu marido é desembargador, “por uma questão de ética e sigilo profissional”.
“Fui contratada pelo escritório Mirian Ribeiro para atuar como advogada em um processo judicial. Prestei o serviço e recebi meus honorários”, justificou Aline.
Mirian advoga em pelo menos 15 processos sob tramitação no TRF1, nenhum sob a relatoria do desembargador César Jatahy.
Tanto Mirian quanto a JBS alegam que os repasses milionários seriam relativos a honorários pagos pela empresa de Wesley e Joesley Batista por serviços advocatícios.
Mas o relatório do Coaf, revelado pelo UOL, conclui a obviedade de que o valor recebido é muito alto. “Notamos que todo mês há crédito da empresa JBS. Destacamos, que a cooperada não possui capacidade financeira declarada para as movimentações realizadas. O total movimentado a crédito representa cerca de sete vezes o valor do faturamento cadastrado, ou seja, superou [em] aproximadamente R$ 15 milhões a capacidade declarada”, diz o Coaf.