O Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty) decretou sigilo de cinco anos sobre telegramas diplomáticos que abordam os negócios dos irmãos Joesley e Wesley Batista, controladores do grupo J&F, na Venezuela. Isso impede o acesso público aos detalhes das interações entre a empresa brasileira e o governo de Nicolás Maduro.
Em dezembro de 2024, foi disponibilizada a liberação de documentos, incluindo telegramas e despachos telegráficos, relacionados às atividades da J&F, JBS e Âmbar Energia na Venezuela. Entre os temas incluídos está uma reunião com o então ministro de Petróleo e presidente da PDVSA, Pedro Tellechea, ocorrida em 27 de fevereiro de 2024. O Termo de Classificação da Informação emitido pelo Itamaraty não especifica os participantes ou os assuntos elaborados na decisão.
A J&F tem demonstrado interesse no mercado venezuelano, realizando reuniões com autoridades do regime de Maduro. Em 2023, o grupo adquiriu a petroleira Fluxus, marcando sua entrada no setor de petróleo e gás, e passou a buscar oportunidades na Venezuela e no Peru. Além disso, em abril de 2024, a Âmbar Energia, pertencente aos irmãos Batista, recebeu autorização do Ministério de Minas e Energia para negociar a compra de energia elétrica da Venezuela. Posteriormente, em outubro, a Âmbar assumiu o controle da distribuidora de energia do Amazonas.
A embaixadora do Brasil em Caracas, Glivânia Maria de Oliveira, foi responsável por classificar as informações como sigilosas, utilizando um dispositivo da Lei de Acesso à Informação que permite restringir dados que possam "prejudicar ou pôr em risco a condução de negociações ou as relações internacionais do País".
Juliana Sakai, diretora executiva da ONG Transparência Brasil, expressou preocupação com a decisão: "Causa espanto que o Itamaraty queira esconder por cinco anos informações referentes aos negócios dos irmãos Batista na Venezuela".