menu
19 de Abril de 2025
facebook instagram whatsapp
lupa
menu
19 de Abril de 2025
facebook instagram whatsapp
lupa
fechar

BRASIL Sexta-feira, 11 de Abril de 2025, 15:56 - A | A

Sexta-feira, 11 de Abril de 2025, 15h:56 - A | A

LUTA INDÍGENA

Maior mobilização indígena do Brasil termina com saldo positivo e recados ao governo

Acampamento Terra Livre reuniu mais de 8 mil indígenas, promoveu debates com os Três Poderes e cobrou ações efetivas além da demarcação de terras

AGÊNCIA BRASIL

 

A 21ª edição do Acampamento Terra Livre (ATL), maior mobilização indígena do país, chega ao fim nesta sexta-feira (11), em Brasília (DF), com um balanço positivo, segundo os organizadores. Durante cinco dias, mais de 8 mil indígenas de ao menos 135 etnias ocuparam a Esplanada dos Ministérios com manifestações, plenárias, atividades culturais e reuniões com representantes dos Três Poderes.

 

Para Kleber Karipuna, coordenador executivo da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), o evento cumpriu seu papel ao proporcionar espaço de diálogo entre as lideranças indígenas e o Estado. “Conseguimos garantir a presença das lideranças e uma agenda com diversas autoridades. Isso é essencial para que cada povo possa avançar em suas pautas”, afirmou durante coletiva.

 

Mesmo sem o anúncio de novas homologações de terras indígenas por parte do governo federal, Kleber avaliou que a ausência não compromete o impacto do ATL. “Defendemos que as homologações não devem acontecer apenas em datas comemorativas ou durante mobilizações. Elas devem ser políticas permanentes, contínuas”, pontuou.

 

A repressão policial ocorrida na noite de quinta-feira (10), quando a Polícia Militar lançou bombas de gás lacrimogêneo contra manifestantes que tentavam se aproximar do Congresso Nacional, também não ofuscou os resultados do acampamento, segundo o dirigente. A justificativa da PM foi o descumprimento de um acordo prévio sobre os limites de circulação na área de segurança.

 

Além da pauta da demarcação, os povos indígenas entregaram ao governo um documento com reivindicações em áreas como saúde, educação, cultura, saneamento e apoio à produção agrícola e programas sociais. “Vamos continuar cobrando o atendimento às nossas demandas. A demarcação segue como bandeira principal, mas queremos muito mais. O ATL se encerra hoje, mas a mobilização segue”, reforçou Kleber.

 

Durante o acampamento, as ministras Sônia Guajajara (Povos Indígenas) e Marina Silva (Meio Ambiente e Mudança do Clima), além do ministro da Saúde, Alexandre Padilha, marcaram presença. Padilha participou de uma ação de vacinação com lideranças indígenas, em um gesto simbólico para incentivar a imunização entre os povos originários.

 

Em outro momento simbólico, crianças indígenas entregaram uma carta às ministras Guajajara e Marina, com suas próprias reivindicações sobre meio ambiente, mudanças climáticas, direitos indígenas e participação na COP30.

 

As lideranças também se reuniram com representantes de ONGs, entidades internacionais, bancos públicos e ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), incluindo Gilmar Mendes, relator das ações que discutem a tese do Marco Temporal — proposta que restringe o direito à terra apenas aos povos que estivessem em seus territórios até 5 de outubro de 1988, data da promulgação da Constituição.

 

O ATL se despede de Brasília reforçando o compromisso do movimento indígena em manter a pressão por políticas públicas permanentes e efetivas. “Abril é um mês simbólico para nós, mas nossa luta é o ano todo”, concluiu Kleber.

> Click aqui e receba notícias em primeira mão.

 

Comente esta notícia