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CIDADES Sábado, 28 de Dezembro de 2024, 10:34 - A | A

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Influenciador fala sobre comportamento nas redes : quando os amigos não curtem, mas ajudam os outros

Esse fenômeno das interações limitadas, mas que criam uma pressão interna de aprovação, é um reflexo de como as redes sociais alteraram profundamente a dinâmica das amizades e relações pessoais.

Ana Barros

 

 

As redes sociais são um reflexo das nossas relações interpessoais, mas também uma arena onde surgem fenômenos comportamentais curiosos e, por vezes, contraditórios. Um exemplo disso é o comportamento de muitas pessoas que, apesar de estarem conectadas com seus amigos nas redes, simplesmente não interagem com os conteúdos deles. No entanto, são ativas ao curtir e apoiar publicações de outras pessoas, incluindo estranhos.

 

 

O influenciador digital Bggaspar levantou um ponto polêmico em suas redes sociais ao falar sobre esse comportamento, que ele considera incoerente e até mesmo frustrante. "Muito provavelmente você tem amigos assim como eu tenho, e a gente precisa falar desse evento estranho que é quando você tem amizade por anos com uma pessoa, mas ela simplesmente não interage com você, sendo que você sabe que ela está vendo tudo o seu", disse.

 

Bggaspar, que está há quase cinco anos criando conteúdo na internet, hoje com mas  500 mil  seguidores compartilhou sua experiência pessoal, mencionando que no inicio  chegou a se sentir sozinho (mas passou) e que amigos pouco ajudaram em sua trajetória. Ele ressaltou que seu sucesso não veio devido ao apoio de amigos, mas ao esforço próprio e pessoas desconhecidas. 

 

“Meu vídeo é voltado principalmente para quem depende da internet para trabalhar. Logo quando eu comecei, percebi que não tive apoio de quase nenhum dos meus amigos. E ponto, passou. Mas, hoje em dia, não acho justo esses mesmos amigos, que me julgaram e não me apoiaram na época, quererem surfar na onda dos “benefícios frutos do meu conteúdo”, que antes julgavam ou ignoravam. Não acho justo” disse.

 

Ele ainda ressalta que o objetivo  foi apoiar as pessoas que trabalham com internet por saber o quanto é difícil o começo ( assim como em qualquer área) e talvez uma única ajuda ou apoio de quem você gosta pode te dá um gás pra continuar. 

 

 VEJA O RELATO

 

 

 

A situção exposta por  Bggaspar  não é única na internet  esse fenômeno, que pode parecer isolado, é mais comum do que parece e acontece não só com influenciadores e criadores de conteúdo, mas frequentemente relatado por usuários comuns. Essa desconexão entre o que acontece nas redes sociais e as interações reais com seus amigos próximos, que não curtem suas postagens, mas não hesitam em interagir com publicações de outras pessoas, é um comportamento cada vez mais observado nas plataformas digitais.

 

Para entender melhor esse comportamento, conversamos com a psicóloga Dorcilene Silva, especialista em Neuropsicologia e Pós-graduanda em Neurociência e Comportamento. Ela explica que o impacto das redes sociais no comportamento humano vai além da simples interação com o conteúdo alheioEla entende que cada caso é um caso, o exposto pelo influencador  tem a visão de apoiar outros produtores de conteúdos e  de certa forma dar um gás já o enfrentado por internautas que não usam as redes para monetizar é mais complexo, alguns querem apenas se distrair, enquanto outros buscam validação.

 

 "Para quem vive de internet é extremamente importante uma curtida, um comentário e compartilhamento principalmente quando está iniciando a carreira, sabemos que os likes geram engajamento e promovem o crescimento nas mídias sociais, mas quando se trata de amizades precisamos entender que grande parte das pessoas que estão ao nosso redor não estão muito interessadas em nos ver bem, maioria não suportam saber que alguém que partiu do mesmo ponto que ela cresceu e ganhou notoriedade, uma curtida um compartilhamento dela pode te ajudar a crescer mais e ela não vai corroborar com isso, uma infeliz realidade, porém real', pontua.

 

Dorcilene  Silva  psicóloga  Esp. Neuropsicologia

Dorcilene Silva psicóloga Esp. Neuropsicologia

 

 

"A mídia social traz uma alteração bioquímica nos indivíduos. O uso constante de likes e engajamento digital cria um mecanismo de recompensa que afeta nossa percepção social e financeira", aponta Dorcilene. Segundo ela, as pessoas acabam se sentindo pressionadas a buscar a aprovação dos outros nas redes, o que pode gerar um ciclo de dependência emocional e até problemas de autoestima. 

 

 

 

 

 

 

'Likes vão definem verdadeira amizade'" pontua psicóloga 

Dorcilene também destacou que a questão da amizade nas redes sociais está cada vez mais naturalizada. "Tem pessoas que olham o seu conteúdo, gostam, mas não compartilham. Elas preferem procurar algo semelhante em outra página, de uma pessoa desconhecida, para compartilhar. Isso é algo que vemos com frequência", observa a psicóloga.

 

 

Essa dinâmica de "amigos fantasmas", que acompanham suas postagens mas não demonstram apoio, é uma realidade que muitos criadores de conteúdo enfrentam diariamente. 

 

O "like" deixa de ser apenas um gesto de carinho e se transforma em uma forma de reforçar comportamentos, criar prazer imediato e até mesmo gerar recompensas financeiras para quem cria conteúdo.

 

Apesar do comportamento dos amigos online muitas vezes ser desconcertante, Dorcilene sugere que a melhor abordagem para lidar com isso é "não esperar aprovação, focar na criação de conteúdo de qualidade e atingir pessoas que realmente se interessem pelo que você está fazendo". Afinal, como ela mesma menciona, "a maioria dos nossos amigos não consome nosso conteúdo, e quem consome, muitas vezes, não assume."

 

Efeitos Biológicos e Psicossociais

O impacto das redes sociais no cérebro é profundo. A psicóloga explica que o uso constante de plataformas sociais pode alterar o funcionamento do sistema de recompensas do cérebro. "O prazer obtido com os likes, interações e visibilidade é bioquímico, mas devemos tomar cuidado para não nos tornarmos reféns da necessidade de aprovação nas redes. O excesso de dependência dessa validação pode gerar sérios problemas psicológicos, como ansiedade, depressão e baixa autoestima", alerta.

 

Para ilustrar como esse comportamento se reflete no dia a dia das redes sociais, a internaut  Flávia Revelles compartilhou sua experiência em um comentário no perfil @apenaseua. "Parentes e os 'amiguinhos' são os primeiros a ver os nossos conteúdos, mas não interagem, não conversam com a gente, mas estão ali, observando, te analisando, te seguindo... Parecendo um fantasma. Eu realmente não entendo", escreveu.

 

A situação é ainda mais dramática para muitas pessoas que tentam usar as redes sociais para promover causas importantes, como Criatiane Cechet, que compartilhou sua experiência: "Eu mesma já fui muito criticada ao ponto de parar com meus posts em defesa da mulher. São pessoas mal resolvidas que, em vez de contribuir, criam apenas críticas. Isso vindo de familiares, que são os que mais deveriam apoiar."

 

O que está por trás desse comportamento?

Esse fenômeno das interações limitadas, mas que criam uma pressão interna de aprovação, é um reflexo de como as redes sociais alteraram profundamente a dinâmica das amizades e relações pessoais. Muitos se sentem pressionados a manter uma imagem pública, buscar likes e, ao mesmo tempo, enfrentam a frustração de ver que pessoas próximas não reconhecem ou apoiam seu trabalho.

 

A psicóloga também chama a atenção para o fato de que o "like" perdeu seu caráter simples de aprovação e se tornou uma moeda de troca social. "O like hoje não é apenas uma confirmação de carinho, mas um reforço de comportamento e prazer. Por isso, devemos ficar atentos aos limites dessa interação", conclui.

 

Para  Dorcilene em um cenário onde o comportamento online se mistura com a vida real, é fundamental refletir sobre o valor das interações e como elas impactam a nossa saúde emocional. "O importante é que as pessoas se sintam confortáveis com o conteúdo que produzem, sem depender da aprovação constante de quem está ao seu redor. Afinal, a verdadeira validação vem de quem realmente se conecta com o que você tem a oferecer, seja online ou offline", frisa.

 

 

 

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