Desde os primórdios, as mulheres desafiam barreiras, rompem paradigmas e
enfrentam desigualdades para conquistar seu espaço. Na advocacia, a história
não foi diferente. Por muito tempo, nos disseram que não pertencíamos a esse
ambiente, que a justiça era um território masculino. Mas não nos intimidamos.
Estudamos, nos qualificamos, batalhamos e hoje ocupamos escritórios,
tribunais e cargos de prestígio.
Se antes a advocacia era um território inacessível para nós, hoje fazemos parte
da sua construção e evolução. No entanto, sabemos que a caminhada ainda é
árdua. Ainda somos subestimadas, precisamos provar nossa competência
repetidamente e lidamos com desafios que vão além do profissional: a
conciliação entre carreira e vida pessoal, a carga mental invisível, a luta contra
assédios e preconceitos velados. Não queremos privilégios, apenas respeito e
igualdade de oportunidades. Queremos ser vistas pelo que somos:
profissionais qualificadas, capazes e indispensáveis para o Direito.
Myrthes Gomes de Campos, a primeira mulher a exercer a advocacia no Brasil,
abriu portas em uma época em que sequer se cogitava uma mulher ocupando
esse espaço. Hoje, nossa missão não é apenas entrar – é manter essas portas
abertas e construir novas para quem vem depois. A luta que travamos não é
contra os homens, mas contra as barreiras que ainda existem. Queremos
caminhar lado a lado, com respeito e reconhecimento, e não mais precisar lutar
dobrado para alcançar o mesmo patamar.
Somos estrategistas, perspicazes e incansáveis. Nossa atuação vai além da
defesa de direitos e da promoção da justiça; somos agentes de transformação
social. No Direito Penal, Civil, Trabalhista, Empresarial e em tantas outras
áreas, sustentamos teses inovadoras, ampliamos debates e garantimos que
vozes antes silenciadas sejam ouvidas. Nossa presença é um farol para as
gerações futuras, mostrando que não há mais espaços vedados para nós.
Mas não queremos apenas reconhecimento profissional. Queremos
humanização. Queremos um Direito mais acessível, inclusivo e justo. A
advocacia feminina tem um olhar diferenciado: empático, sensível e voltado ao
bem comum. Isso não nos torna menos combativas ou menos técnicas. Pelo
contrário, nos fortalece. Advogar é mais do que aplicar leis; é compreender
realidades, enxergar além dos autos, trazer humanidade para dentro do
sistema jurídico.
Ainda há desafios, mas não nos falta determinação. Se há portas que tentam
fechar, abrimos janelas, criamos caminhos e fortalecemos redes de apoio. Se
questionam nossa capacidade, mostramos com trabalho e excelência que lugar
de mulher é onde ela quiser – e isso inclui todos os espaços do Direito.
Somos donas da nossa história. Somos força, somos competência, somos
justiça. E não vamos parar.
Yasmin Xavier, advogada associada do escritório Peixoto & Cintra Advogados
Associados, especialista em Direito Processual Civil e Direito Médico e
Bioética. Atuação vasta no consultivo e contencioso empresarial e condominial,
com foco em gestão e prevenção de risco.
