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ECONOMIA Terça-feira, 22 de Abril de 2025, 14:28 - A | A

Terça-feira, 22 de Abril de 2025, 14h:28 - A | A

JUROS E ECONOMIA

Banco Central avalia se taxa Selic é suficiente para conter inflação em meio a incertezas globais

Em audiência no Senado, presidente do BC defende juros altos como resposta ao dinamismo da economia brasileira e à guerra de tarifas iniciada pelos EUA; senadores criticam impacto sobre setores produtivos

 

O presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, afirmou nesta terça-feira (22) que a instituição ainda avalia se a atual taxa básica de juros, a Selic, é suficiente para conter a inflação, especialmente diante das incertezas provocadas pela guerra de tarifas iniciada pelos Estados Unidos.

 

A declaração foi feita durante audiência na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado. Galípolo justificou que o aumento dos juros tem sido uma resposta ao “dinamismo excepcional” da economia brasileira, que, segundo ele, pressiona os preços — sobretudo dos alimentos — para além da meta de inflação.

 

“A inflação acima da meta está bastante disseminada. Nosso papel é o de ser o ‘chato da festa’, freando um pouco a economia para evitar que essa pressão inflacionária vire uma espiral”, afirmou.

 

Atualmente, a Selic está em 14,25% ao ano, após nova alta de 1 ponto percentual definida na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). Com isso, o Brasil tem a quarta maior taxa de juros reais do mundo, atrás apenas de Turquia, Argentina e Rússia, conforme dados da consultoria Moneyou.

 

Cenário internacional pesa mais para o Brasil

 

Galípolo destacou que o cenário internacional incerto — especialmente com o acirramento da guerra comercial entre grandes potências — pode exigir a manutenção de juros elevados. Para ele, países emergentes, como o Brasil, são mais sensíveis a esse tipo de instabilidade.

 

 

“Estamos em um ambiente de elevada incerteza, e muitas vezes cabe ao BC responder com aumento de juros diante de uma maior aversão ao risco”, explicou.

 

Apesar disso, o presidente do BC apontou que o Brasil pode se beneficiar em termos relativos. “Não é que a guerra tarifária nos favoreça, mas, em comparação com outros países, o Brasil pode se destacar pela sua pauta comercial diversificada e pela força do mercado interno”, avaliou.

 

Críticas no Senado

 

Senadores presentes à audiência criticaram duramente a manutenção de juros altos. Vanderlan Cardoso (PSD-GO) citou os impactos no setor produtivo. “A indústria, o comércio, os serviços e o agro estão padecendo. Os juros estão sufocando esses setores”, declarou.

 

O senador Cid Gomes (PSDB-CE) foi ainda mais enfático. Ele comparou os lucros gerados pelos juros altos com atividades ilegais. “Uma margem de 10% de lucro só é possível, talvez, com o tráfico de drogas, mas com muito mais risco. Isso virou uma mamata”, disse. Para ele, o BC deveria adotar outras ferramentas para controlar a inflação, como a venda de dólares para conter o câmbio.

 

Cid também criticou empresários que abandonam atividades produtivas para viver de renda. “Tem muito empresário que desistiu da indústria, da agricultura, para viver de aplicação financeira”, afirmou.

 

Reformas para melhorar a eficácia da política monetária

 

Em resposta às críticas, Galípolo reconheceu que os juros no Brasil precisam de “doses mais fortes” para surtir efeito, devido a entraves estruturais na economia. Segundo ele, isso exige reformas fora do escopo direto do BC, como medidas que melhorem a eficácia da política monetária.

 

“Talvez existam canais entupidos. Por isso, o remédio precisa ser mais forte para surtir o mesmo efeito”, explicou.

 

O presidente do BC defendeu também a regulação de instituições financeiras que operam fora do sistema bancário tradicional e cobram juros ainda mais altos das famílias. “Muitas vezes essas pessoas já pagam muito acima da Selic. A sensibilidade delas a mudanças na taxa básica é muito pequena. Precisamos de isonomia regulatória”, concluiu.

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