Apesar de figurar entre os maiores exportadores do país em volume, Mato Grosso ainda apresenta baixa diversidade no perfil de suas empresas exportadoras. Para mudar esse cenário, o Estado iniciou, nesta semana, a construção de um Plano de Promoção da Cultura Exportadora, com foco em incluir micro e pequenas empresas no comércio internacional.
As oficinas presenciais, promovidas pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico (Sedec), em parceria com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), começaram na terça-feira (22.4) e seguem até quinta-feira (24.4), em Cuiabá. A iniciativa faz parte da Política Nacional de Cultura Exportadora (PNCE).
O objetivo é elaborar um plano dinâmico e alinhado à realidade local, com ações estratégicas para fomentar a exportação de novos produtos e envolver perfis empresariais que hoje têm pouca presença no mercado externo. Em 2024, das 251 empresas exportadoras em Mato Grosso, apenas 22 eram microempreendedores individuais (MEIs) ou microempresas, e 30 de pequeno porte. A maioria — 199 empresas — pertence ao grupo de médio e grande porte.
O comparativo com Goiás evidencia o potencial ainda pouco explorado por Mato Grosso: no estado vizinho, 163 MEIs e microempresas exportaram neste ano, além de 71 empresas de pequeno porte.
“O foco da política é ampliar o número de exportadores brasileiros, sobretudo entre micro, pequenas e médias empresas, que hoje ainda têm pouca inserção no comércio exterior, especialmente nos estados do Norte e Centro-Oeste”, afirmou Paulo Guerrero, diretor substituto do Departamento de Promoção das Exportações do MDIC.
A construção do plano começou com uma etapa virtual em março e segue agora com as oficinas presenciais. A proposta é reunir todos os atores do ecossistema exportador local para identificar gargalos e oportunidades. O resultado será um documento com diagnóstico estratégico, incluindo uma matriz SWOT (forças, fraquezas, oportunidades e ameaças) sobre os negócios no estado.
“A gente quer sair do foco apenas no agro e diversificar. Há espaço para exportação de produtos como pulses, gergelim, serviços e até itens industrializados. É uma chance de verticalizar a produção e gerar mais valor agregado dentro do estado”, afirmou Adoniram Magalhães, superintendente de Indústria e Comércio da Sedec.
Segundo a consultora do BID e facilitadora da oficina, Janaína André, o plano será finalizado até o fim do semestre e deve orientar políticas públicas, programas de capacitação e parcerias estratégicas, com o objetivo de consolidar uma cultura exportadora mais inclusiva, diversificada e sustentável em Mato Grosso.
Participam das discussões representantes de entidades como Acrismat, Acemat, Agrihub, Ampa, AMM, Aprosoja, Arefloresta, Azpec, Sebrae, Cipem, Famato, Fiemt, Imea, Sicredi, Sistema OCB, UFMT, Imac, Desenvolve MT, Jucemat, Seciteci, Sefaz e MT Par.