A Alemanha encerrou neste domingo (23) a votação para escolha de um novo governo. A boca de urna aponta vitória do CDU, partido conservador, seguido pelo AfD, de extrema direita, que teve um crescimento significativo.
Caso confirmado, o resultado representará um recorde de votos para a extrema direita desde a Segunda Guerra Mundial. A eleição foi antecipada após o colapso do governo de coalizão do chanceler Olaf Scholz.
Friedrich Merz, líder do CDU, teve 29% dos votos. O AfD ficou em segundo com 19%, seguido pelo Partido Social-Democrata (SPD), de Scholz, com 16%. O Partido Verde obteve 13,5%, enquanto a esquerda ficou com 8,6%.
O comparecimento às urnas foi de 83%, considerado alto para a Alemanha. O país tem voto facultativo e cerca de 61 milhões de pessoas estavam aptas a votar.
Mesmo liderando a votação, Merz não assume automaticamente o governo. O sistema parlamentarista exige que o partido vencedor tenha assentos suficientes para formar maioria no Parlamento. Como o CDU não atingiu esse número, precisará negociar alianças.
As negociações podem levar meses. Se não houver acordo, novas eleições podem ser convocadas. Merz já declarou que não fará aliança com o AfD, mas falas durante a campanha levantaram dúvidas sobre essa posição.
Após a divulgação da boca de urna, Merz defendeu a formação de um novo governo rapidamente. Olaf Scholz reconheceu a derrota de seu partido e afirmou que respeitará o resultado.
A contagem dos votos deve ser concluída até o fim da noite na Alemanha. As eleições foram convocadas em dezembro, após o colapso da coalizão de Scholz, formada por social-democratas, ecologistas e liberais.
A crise começou em novembro, quando Scholz demitiu seu ministro das Finanças, membro do partido liberal. Em resposta, os demais ministros liberais renunciaram, deixando o governo sem maioria no Parlamento. A moção de censura contra Scholz foi aprovada e novas eleições foram convocadas.
Esta foi a quarta eleição antecipada na história da Alemanha moderna. O país enfrenta tensões com a Rússia pela guerra na Ucrânia e segue a tendência de instabilidade política vista em outros países da União Europeia.
A extrema direita do AfD tem crescido, mas enfrenta resistência dos demais partidos, que recusam alianças com a legenda, acusada de ligações com movimentos extremistas. O resultado das eleições pode influenciar a política europeia e a relação do bloco com os Estados Unidos, especialmente diante das recentes declarações de Donald Trump sobre a Ucrânia e tarifas comerciais.