A tensão comercial entre Estados Unidos e China voltou a escalar. Nesta terça-feira (8), Pequim reagiu com firmeza à nova ameaça do ex-presidente norte-americano Donald Trump, que prometeu aumentar em até 50% as tarifas sobre produtos chineses. Em comunicado oficial, o Ministério do Comércio da China classificou a atitude como “chantagem” e alertou: “Se os EUA insistirem em seguir esse caminho, a China lutará até o fim.”
A nota chinesa considera a postura de Washington como “um erro em cima de outro erro” e exige que os EUA cancelem todas as tarifas unilaterais, parem de “suprimir a economia e o comércio da China” e voltem à mesa de negociações com base no respeito mútuo.
A resposta é uma reação direta ao anúncio feito por Trump na segunda-feira (7), em que ele ameaça impor uma tarifa adicional de 50% caso a China não recue das medidas retaliatórias tomadas anteriormente.
Na semana passada, Pequim já havia elevado suas tarifas a 34% sobre produtos americanos, respondendo ao que chamou de “tarifaço” dos EUA. Se concretizadas, as novas medidas prometidas por Trump podem elevar o total de tarifas americanas sobre produtos chineses para até 104%, afetando principalmente setores como vestuário, eletrônicos, produtos químicos e maquinário.
Retaliação formal na OMC
A nova escalada nas tensões deve ser levada à Organização Mundial do Comércio (OMC) nesta quarta-feira (9). A China já protocolou uma queixa formal contra os EUA e promete defender seus interesses comerciais na reunião do comitê da entidade.
De acordo com o jornal New York Times, apesar de tentar reabrir o diálogo com Washington nos últimos meses, a China enfrenta resistência da Casa Branca. Ainda assim, Pequim afirma estar disposta a conversar, desde que haja reciprocidade e seriedade.
Uma guerra com impacto global
Em 2024, os Estados Unidos importaram US$ 440 bilhões em produtos chineses, tornando a China a segunda maior fornecedora de bens ao país, atrás apenas do México. As tarifas, portanto, têm impacto direto no bolso do consumidor americano e podem paralisar investimentos e consumo — algo já observado por economistas como efeito colateral das medidas protecionistas de Trump.