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MUNDO Quarta-feira, 23 de Abril de 2025, 11:43 - A | A

Quarta-feira, 23 de Abril de 2025, 11h:43 - A | A

DEMITIDO PELO PAPA

Mesmo condenado, Cardeal demitido quer participar da Eleição Papal

Embora tenha perdido esses direitos, Becciu não foi removido do Colégio Cardinalício, mantendo a permissão de participar de futuros conclaves, o que gerou questionamentos sobre sua posição dentro da Igreja.

 

Giovanni Angelo Becciu foi uma das figuras mais poderosas do Vaticano, um cardeal com enorme influência e proximidade com o Papa Francisco. No auge de sua carreira, Becciu ocupava o cargo de "sostituto", ou seja, o chefe de gabinete papal, um cargo que lhe conferia a possibilidade de se reunir com o Papa a qualquer momento e uma autoridade substancial dentro do governo central da Igreja. Muitos consideravam Becciu um potencial sucessor de Francisco no pontificado. No entanto, sua ascensão foi abruptamente interrompida por um escândalo financeiro que culminou em sua condenação em 2023.

O Caso do Imóvel de Luxo em Londres

O centro da controvérsia que levou à condenação de Becciu envolveu a compra de um imóvel de luxo no bairro de Chelsea, em Londres. O Vaticano, sob sua supervisão, investiu cerca de 400 milhões de dólares ao longo de vários anos em uma transação que, eventualmente, resultou em um rombo de 139 milhões de euros para as finanças da Santa Sé. A compra, que envolvia um edifício originalmente destinado a showroom de automóveis, foi considerada pelos promotores do Vaticano como um negócio negligente e supervalorizado. Becciu e outros envolvidos no caso foram acusados de peculato, fraude e lavagem de dinheiro, além de não terem informado corretamente os responsáveis pela Secretaria de Estado do Vaticano sobre uma hipoteca de 75 milhões de libras sobre o imóvel.

O negócio, que começou com o financista italiano Raffaele Mincione, foi depois mal conduzido por outros intermediários, como Gianluigi Torzi, que acabou controlando o prédio e fazendo o Vaticano pagar uma "caixa vazia". O escândalo se intensificou com o envolvimento de Becciu, que foi um dos principais responsáveis pela transação.

A Renúncia e a Perda de Direitos

Antes do início do julgamento, em 2021, o Papa Francisco decidiu afastar Becciu de seu cargo de Prefeito da Congregação para as Causas dos Santos e ordenou que ele renunciasse aos direitos e privilégios associados ao cargo de cardeal. Embora tenha perdido esses direitos, Becciu não foi removido do Colégio Cardinalício, mantendo a permissão de participar de futuros conclaves, o que gerou questionamentos sobre sua posição dentro da Igreja.

Em 22 de abril de 2025, Becciu participou de uma assembleia de cardeais, onde reiterou sua defesa de que o Papa não tinha autoridade para excluí-lo do conclave. Ele argumentou que, ao ser convocado para o consistório, o Papa havia reconhecido suas prerrogativas cardinalícias e não havia emitido uma decisão formal sobre sua exclusão.

Outras Acusações: A “Dama do Cardeal”

Além do escândalo financeiro relacionado ao imóvel em Londres, Becciu também enfrentou acusações de desviar grandes quantias de dinheiro da Igreja para fins pessoais e familiares. Entre as acusações, destaca-se o caso envolvendo Cecilia Marogna, uma “consultora de segurança” que recebeu 575 mil euros da Secretaria de Estado do Vaticano, com o intuito de ajudar a libertar uma freira sequestrada na África. Os promotores alegaram que Marogna usou o dinheiro para fins pessoais, como compras de luxo, incluindo roupas e acessórios de grifes como Prada e Gucci.

O caso foi ainda mais conturbado pela alegação de que Becciu tinha um vínculo estreito com Marogna, o que gerou especulações sobre um possível envolvimento romântico entre ambos, embora ambos negassem as acusações.

A Sentença e o Futuro de Becciu

Em 2023, Giovanni Becciu foi condenado a cinco anos e meio de prisão por peculato e fraude, tornando-se o primeiro cardeal a ser sentenciado por um tribunal criminal do Vaticano. Apesar disso, ele continua a afirmar sua inocência e apelou da sentença, que ainda está sendo analisada. Enquanto o processo continua, ele tem permissão para morar em um apartamento no Vaticano.

O caso de Giovanni Becciu não é apenas uma história de corrupção e poder dentro da Igreja Católica, mas também um reflexo de como a Santa Sé tem tentado se modernizar, enfrentando os desafios da transparência e da justiça, mesmo dentro de suas estruturas mais tradicionais e fechadas.

O futuro de Becciu no Vaticano ainda é incerto, e a decisão final sobre sua participação em futuros conclaves dependerá das autoridades eclesiásticas. No entanto, o legado de Becciu, que antes parecia promissor, foi irremediavelmente manchado por este escândalo que abalou as fundações do governo do Vaticano.

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