Uma investigação preliminar do Ministério Público do Estado de Mato Grosso (MPMT), em conjunto com a Polícia Judiciária Civil, revelou indícios de um esquema criminoso de desvio de recursos públicos no município de Barão de Melgaço. A suspeita envolve práticas de adulteração de notas fiscais, uso de "cartão coringa" para desvio de combustível e superfaturamento em contratos públicos.
Segundo o Núcleo de Ações de Competência Originária (Naco), as apurações indicam que o esquema abrange várias prefeituras e câmaras de vereadores do estado. Quatro empresas, todas ligadas a um mesmo núcleo familiar, já firmaram contratos com mais de 100 órgãos municipais. O núcleo familiar é suspeito de atuar em conjunto para desviar dinheiro público por meio de empresas com sócios ocultos e licitações fraudulentas.
A investigação revelou que os contratos foram obtidos com a Prefeitura de Barão de Melgaço pela empresa Centro América Frotas entre 2020 e 2023. Durante as análises, foram encontradas ligações entre essa empresa e outras participantes dos processos licitatórios, todas pertencentes ao mesmo grupo familiar. Em alguns casos, empresas envolvidas sequer apresentavam atividades empresariais.
Outro dado relevante é a participação de Edézio Correa, um dos sócios ocultos das empresas investigadas, que já foi denunciado anteriormente pelo MPMT durante a Operação Sodoma — uma ação que expôs um esquema de corrupção e propina na gestão do ex-governador Silval Barbosa.
Além disso, o Naco constatou valores excessivos em contratos similares. Em apenas dois anos (2021 e 2022), o valor dos contratos aumentou em mais de R$ 9 milhões, evidenciando um possível superfaturamento e má gestão dos recursos públicos.
A investigação segue em curso, e os envolvidos podem responder por crimes de corrupção e organização criminosa.