Tangará da Serra foi palco de uma grande operação policial na manhã desta quarta-feira (26), quando a Polícia Civil deflagrou a Operação Neurodiverge.
A investigação tem como alvo um esquema de falsificação de documentos, corrupção e desvio milionário de verbas públicas por parte da Associação de Diversidades Intelectuais (ADIN), que recebia repasses da Prefeitura Municipal e do Ministério Público Estadual.
Criada em 2022, a ADIN tinha como objetivo oferecer suporte jurídico e intermediar recursos para atender pessoas com neurodiversidades na rede municipal de ensino.
Contudo, as investigações revelaram possíveis irregularidades na gestão financeira da instituição.
De acordo com o delegado Gustavo Espíndula, que coordenou a investigação, apenas no mês de março a ADIN recebeu cerca de R$ 2 milhões em repasses. Parte desse valor teria sido desviada.
"Tudo indica que houve apropriação de parte desses valores. É muito dinheiro. A ADIN, só este ano, recebeu em torno de R$ 2 milhões da Prefeitura. Ela também tinha vários repasses do Senac e do Ministério Público, então estamos falando de milhões de reais", afirmou o delegado.
As investigações tiveram início há seis meses, a partir de uma denúncia anônima. Desde então, foram analisados documentos e extratos bancários, o que permitiu que os investigadores aprofundassem o caso.
"Faz mais de seis meses que estávamos investigando, analisando documentos, extratos... Começou com uma denúncia e, a partir de vários documentos, conseguimos averiguar os fatos", explicou Espíndula.
Durante a operação, foram cumpridos seis mandados de busca e apreensão, além do sequestro de bens e bloqueio de contas da associação.
A direção da entidade também foi afastada e seu presidente, o empresário Rui Alberto Wolfart, foi encaminhado à delegacia para prestar esclarecimentos.
A polícia investiga a prática de diversos crimes, sendo o principal deles corrupção ativa, além de lavagem de dinheiro, falsificação de documentos e uma possível formação de organização criminosa.
Intervenção na gestão
Com o afastamento da atual diretoria, um interventor será nomeado para administrar a ADIN temporariamente, garantindo a continuidade dos serviços prestados às famílias que dependem da entidade.
"Foi feita a operação hoje e a Justiça determinou que seja nomeado um interventor urgente para que os serviços não sejam interrompidos", concluiu o delegado.
A investigação segue em andamento para determinar a extensão dos desvios e identificar todos os envolvidos no esquema.