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BRASIL Quinta-feira, 14 de Novembro de 2024, 15:32 - A | A

Quinta-feira, 14 de Novembro de 2024, 15h:32 - A | A

EXPLOSÕES NO STF

Barroso se questiona: “Onde foi que nós perdemos a luz da nossa alma para a escuridão do ódio?"

Barroso ressaltou que o atentado com explosivos reforça a “necessidade de responsabilização de todos que atentem contra a democracia”

Metrópoles

 

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, abriu a sessão desta quinta-feira (14) com uma fala sobre as explosões em frente à Corte na quarta-feira (13), quando um homem deitou sobre um explosivo e se matou. O discurso institucional de Barroso envolveu tom de pesar, lamento e reflexão. O ministro ressaltou que o ato de Francisco Wanderley Luiz é gravíssimo e se soma a uma série de fatos que ocorreram no país nos últimos anos.

 

Barroso questionou onde foi que o brasileiro se perdeu nesse “mundo de ódio, intolerância e golpismo”. Em seguida, o magistrado elencou, cronologicamente, incidentes que atentaram contra a democracia e desrespeitaram as instituições que compõem a República. “Esse episódio de ontem se soma ao que já vinha ocorrendo no país nos últimos anos”, disse na Corte.

 

Em fevereiro de 2021, um deputado divulgou um vídeo com discurso de ódio, ofensas e ameaças aos ministros do Supremo Tribunal Federal, num grau inimaginável de grosseria e incivilidade;

 

Em outubro de 2022, um parlamentar, notório por esquemas variados, desrespeita ordem do STF e ataca os policiais federais com fuzis e granadas. Disse que era em nome da liberdade (caso Roberto Jefferson);

 

Em outubro de 2022, uma parlamentar persegue, de arma em punho, um cidadão que havia se manifestado criticamente – em tom, aliás, muito menos grave do que aquele a que todos nós vínhamos sendo submetidos (caso Carla Zambelli);

 

Ao longo dos meses de novembro e dezembro de 2022, após bloqueio de estradas, milhares de pessoas acamparam nas portas de quartéis por todo o país, pedindo desrespeito ao resultado das eleições e golpe de Estado. Muitos deles foram insuflados pela afirmação criminosamente mentirosa de que teria havido fraude nas eleições;

 

No dia 8 de janeiro de 2023, milhares de pessoas, mancomunadas via redes sociais, e com a grave cumplicidade de autoridades, invadiram e depredaram as sedes dos três Poderes da República;

 

Relativamente a este último episódio, algumas pessoas foram da indignação à pena, procurando naturalizar o absurdo. Não veem que dão um incentivo para que o mesmo tipo de comportamento ocorra outras vezes. Querem perdoar sem antes sequer condenar.


Barroso ressaltou que “a gravidade do atentado desta quarta alerta para a preocupante realidade de que persiste no Brasil a ideia de aplacar e deslegitimar a democracia e suas instituições, numa perspectiva autoritária e não pluralista de exercício do poder, inspirada pela intolerância, pela violência e pela desinformação. Reforça também, e sobretudo, a necessidade de responsabilização de todos que atentem contra a democracia”.

 

“Onde foi que nós perdemos a luz da nossa alma afetuosa, alegre e fraterna para a escuridão do ódio, da agressividade e da violência? Estamos importando mercadorias espiritualmente defeituosas de outros países que se desencontraram na história.”

 

Barroso ainda descreveu, ponto a ponto, o atentado:


Por volta das 19h30 de quarta-feira (13/11/2024), um homem que já foi identificado (Francisco Wanderley Luiz) se aproximou com uma mochila e um extintor de incêndio da Estátua da Justiça, em frente ao STF, e jogou um pano na estátua;


Diante da movimentação, um segurança do STF se aproximou para a abordagem. As imagens das câmeras de vigilância mostraram o momento em que o  suspeito deixa a mochila no chão e recua, e mais agentes começam a se aproximar;


O homem atirou, então, o primeiro artefato em direção à estátua, que não explodiu, e os agentes corajosamente começaram a cercá-lo. Ele arremessou um segundo artefato, que caiu mais perto da marquise do tribunal, e causou uma explosão. A equipe de segurança conseguiu evitar que o homem se aproximasse do Tribunal;


Diante do cerco, esta pessoa acendeu mais um artefato, deitou-se sobre ele e houve uma segunda explosão – causando-lhe morte imediata. Depois disso, a Polícia Judicial fez o primeiro isolamento do local;


Na sequência, a Polícia Militar e a Polícia Federal assumiram os trabalhos, em parceria com a equipe de segurança do STF, para averiguar outros artefatos que estavam na roupa do homem, na mochila e os que ele havia arremessado. Os trabalhos duraram toda a madrugada, e o corpo foi retirado às 9h desta quinta (14);


Em uma coletiva de imprensa concedida no fim da manhã desta quinta, o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, informou que o autor do atentado mantinha um grande número de explosivos na casa alugada por ele em Ceilândia, que foi alvo de operação policial;


Uma gaveta, que felizmente foi aberta por um robô antibombas, gerou uma grande explosão. Ninguém se feriu, mas o episódio mostra o nível de periculosidade das pessoas com as quais estamos lidando.


Assim, o presidente do STF cumprimentou os agentes de segurança e da polícia judicial do Supremo Tribunal Federal pela atuação no caso, bem como a Polícia Federal e a Polícia do Distrito Federal, “pela presteza e pelo empenho com que trataram do assunto”.

 

Intenção de matar ministros

Durante coletiva de imprensa, nesta quinta-feira (14), o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, afirmou que Francisco Wanderley Luiz, de 59 anos, responsável pelas explosões, tinha intenção de “matar ministros da Suprema Corte”, e que seu alvo principal era Alexandre de Moraes.

 

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