As sanções tarifárias impostas pelo governo dos Estados Unidos desde janeiro contra China, União Europeia e outros países podem beneficiar positivamente a economia de Mato Grosso. De acordo com o economista Vivaldo Lopes, a expectativa é que as "agrocidades" mato-grossenses se mantenham protegidas da "guerra de tarifas", com diversos setores da economia, como o de imóveis de alto padrão, aquecidos.
Impacto positivo para o agronegócio mato-grossense
Vivaldo Lopes observa que, devido ao seu forte agronegócio de exportação, a economia de Mato Grosso tende a ser favorecida pelas repercussões das medidas de Donald Trump. As taxações sobre produtos da China e Europa deverão gerar reciprocidade, com a China, por exemplo, já respondendo com tarifas sobre vários produtos dos EUA, o que pode abrir novas oportunidades para o Brasil.
Entre os municípios que mais sentirão os efeitos positivos dessa guerra tarifária, Lopes destaca Sorriso, Sinop e Primavera do Leste, que lideram o ranking do Produto Interno Bruto (PIB) de Mato Grosso. Juntas, essas cidades representam mais de R$ 14 bilhões de valor de produção.
Expectativa para a safra 2024/25
A safra 2024/25 de soja é estimada em 49,7 milhões de toneladas, o maior volume já registrado no estado, o que deve contribuir para a rentabilidade dessas cidades. "Os preços das commodities estão estáveis, o que vai aumentar a rentabilidade. Isso garante mais dinheiro circulando nas cidades, impulsionando o consumo", afirma Lopes.
Investimentos em imóveis de alto padrão
Esse cenário positivo também tem atraído investimentos privados, especialmente no setor imobiliário. A construtora catarinense Haacke, que chegou a Mato Grosso em 2020, possui cinco empreendimentos de alto padrão em andamento no estado, com um total de 273 unidades residenciais e 232 comerciais. As áreas construídas somam mais de 129.857 metros quadrados.
"Boa parte de nossos clientes vem de Mato Grosso. São produtores rurais e empresários que sabem aproveitar esse cenário e buscam mais qualidade de vida", revela Hermes Tomedi, diretor-geral da Haacke. Nos próximos anos, a construtora planeja investir cerca de R$ 650 milhões em cidades como Sinop, Sorriso e Primavera do Leste.
Projeções para o mercado imobiliário e o futuro
O economista Vivaldo Lopes destaca que o dinamismo nas cidades com alto PIB reflete uma mudança de foco no mercado, agora voltado para a melhoria da qualidade de vida e novos investimentos, como imóveis de luxo e produtos de alto valor agregado.
Com menor exposição às oscilações macroeconômicas, como variações nas taxas de juros, as agrocidades mato-grossenses devem se beneficiar do crescimento contínuo do agronegócio, que é impulsionado pela demanda de mercados internacionais, como os asiáticos.
Perspectivas para o futuro
Lopes vê com otimismo os próximos anos para essas regiões ligadas à economia agropecuária. "Mesmo com possíveis riscos na conjuntura internacional, o cenário de 2025 e 2026 é positivo para essas cidades", conclui.