O líder do PT na Câmara, deputado Lindbergh Farias (RJ), atribuiu ao ex-presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, a responsabilidade pelo novo aumento da taxa Selic, anunciado nesta quarta-feira(19).

 

Segundo o parlamentar, a decisão tomada no final de 2024 já havia pré-estabelecido dois aumentos de 1% na taxa básica de juros, amarrando a atuação da atual gestão do BC, comandada por Gabriel Galípolo, indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

 

Para Lindbergh, essa política monetária tem efeitos prejudiciais na economia e nas contas públicas. Ele destacou que cada ponto percentual a mais na Selic gera um acréscimo de aproximadamente R$ 50 bilhões nos gastos com juros da dívida pública.

 

Além disso, o deputado criticou o posicionamento do mercado financeiro, que, segundo ele, pressiona por ajustes fiscais, ao mesmo tempo em que apoia uma política monetária que amplia o déficit fiscal.

 

O parlamentar também alertou para os impactos da alta dos juros sobre o consumo das famílias, citando a queda de 1 ponto percentual nesse indicador no último trimestre de 2024.

 

Diante desse cenário, Lindbergh defendeu uma revisão urgente da política monetária, com o objetivo de estabelecer uma trajetória consistente de redução dos juros.

 

O governo Lula tem insistido na necessidade de uma taxa Selic mais baixa para estimular investimentos e aquecer a economia.

 

A atual política do Banco Central, no entanto, segue um "guidance" definido no final da gestão de Campos Neto, que já previa novas altas.

 

O Comitê de Política Monetária (Copom) indicou que pode haver outro aumento na taxa básica de juros em maio, embora de menor magnitude.

 

A Selic é um dos principais instrumentos de controle da inflação e influência diretamente no custo do crédito e no crescimento econômico.

 

O embate entre o governo e o Banco Central sobre a condução da política monetária continua sendo um dos principais desafios da gestão Lula.