Uma grave denúncia de grilagem de terras foi protocolada no Ministério Público Federal (MPF) e no Ministério Público Estadual de Mato Grosso do Sul (MPE-MS), envolvendo a ONG Ecotrópica, que atua no Pantanal.
A acusação, feita pelo empresário Bruno Teixeira Canabrava, proprietário da Fazenda São Gonçalo do Amolar, revela que a organização teria incorporado ilegalmente cerca de 5 mil hectares de terras públicas e privadas na Serra do Amolar, região ao norte de Corumbá, para obter e vender títulos ambientais.
De acordo com a denúncia, a Ecotrópica estaria comercializando Títulos de Cota de Reserva Ambiental a R$ 2 mil por hectare, acumulando supostos lucros de cerca de R$ 10 milhões.
O advogado Nelson Araújo Filho, que assina o documento, descreve uma nova modalidade de grilagem sem cercas, apenas com documentos de georreferenciamento emitidos pelo Incra e títulos expedidos pelo Imasul.
Estes títulos são adquiridos por produtores de outras regiões que excederam o limite de desmatamento em suas propriedades.
A denúncia levanta suspeitas de conivência dentro do Incra e do Imasul, sugerindo que os órgãos estariam facilitando o esquema.
Nelson Araújo também acusa Angelo Rabelo, ex-policial militar e atual gestor da Ecotrópica em Mato Grosso do Sul, de vender títulos ambientais por valores inferiores ao mercado, o que teria motivado a queixa de Canabrava.
Em resposta, a Ecotrópica e o Instituto Homem Pantaneiro (IHP), ambos citados na denúncia, refutaram as acusações, destacando suas atuações na preservação do Pantanal e a legitimidade de suas práticas.
Angelo Rabelo, por sua vez, ressaltou sua trajetória de mais de 40 anos na conservação do bioma, recentemente reconhecida em rede nacional no programa Domingão do Huck.
As investigações prosseguem, com os órgãos públicos buscando esclarecimentos sobre as graves alegações que envolvem terras e a preservação ambiental no Pantanal.