A Polícia Federal deflagrou a Operação Ouropel, uma ação conjunta que busca investigar empresas suspeitas de comercializar ilegalmente quase R$ 10 bilhões em ouro extraído da Amazônia Legal. Os mandados de busca e apreensão foram cumpridos na Fenix DTVM, empresa especializada no comércio de ouro, localizada no Edifício SB Medical, bairro Jardim Cuiabá, na capital mato-grossense. A operação, coordenada pela Superintendência da Polícia Federal do Pará, tem como alvo o combate a crimes relacionados à comercialização de ouro proveniente da Amazônia Legal, abrangendo delitos como usurpação de bens públicos, lavagem de dinheiro, crimes ambientais relacionados à garimpagem ilegal e associação criminosa. Mais de 50 policiais federais cumpriram mandados expedidos pela Justiça Federal, que determinou o bloqueio de bens no valor de mais de R$ 290 milhões, além da suspensão das atividades ligadas à mineração de oito pessoas físicas e jurídicas. Estas entidades possuíam juntas 112 processos minerários tramitando em seus nomes, todos agora suspensos. A suspensão das atividades alcança também uma pessoa jurídica que adquiriu bilhões de reais em ouro da Amazônia nos últimos anos. O inquérito policial que deu origem à operação iniciou em junho de 2023, já identificando o "esquentamento" de mais de uma tonelada de ouro com Permissões de Lavra Garimpeira (PLG) correspondentes a áreas na bacia do rio Tapajós. As PLGs suspensas referem-se a imóveis nas cidades de Itaituba/PA e Jacareacanga/PA. Empresas, incluindo Distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários (DTVMs) e cooperativas de garimpeiros, estão sob investigação por declararem a aquisição de cerca de 37 toneladas de ouro da Amazônia Legal, no valor aproximado de quase R$ 10 bilhões, de janeiro de 2021 a setembro de 2023. Estima-se que os prejuízos socioambientais ultrapassem 27 bilhões de reais, conforme a Calculadora de Impactos do Garimpo do Ministério Público Federal. O garimpo ilegal é apontado, em laudo da Polícia Federal finalizado neste ano, como a principal causa da poluição do rio Tapajós. As águas cristalinas do rio foram invadidas por uma grande quantidade de lama, um efeito prejudicial que já afetou até mesmo localidades conhecidas pela beleza natural, como Alter do Chão, o "Caribe Amazônico". A Fenix DTVM, empresa alvo das buscas, esclareceu que as investigações relacionam-se a uma cooperativa do Pará e não têm ligação com a extração de ouro em Mato Grosso. O desenrolar desta operação continuará sendo monitorado de perto, com atenção às implicações ambientais e sociais decorrentes da exploração irregular de recursos minerais na Amazônia Legal.