O Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT) negou, nesta terça-feira (12), o pedido de habeas corpus do advogado Jonas Cândido da Silva, investigado na Operação Fair Play.
Ele é acusado de envolvimento com uma organização criminosa e lavagem de dinheiro por meio da compra de um apartamento de luxo em Itapema, no litoral de Santa Catarina, avaliado em R$ 1 milhão.
A decisão foi unânime na Primeira Câmara Criminal do TJMT, seguindo o voto do relator, desembargador Marcos Machado.
Segundo a investigação, Jonas Cândido foi designado pelo suposto tesoureiro da facção, Paulo Witer Faria Paelo, conhecido como WT, para inspecionar o imóvel, verificar a documentação e autorizar a compra.
A defesa do advogado argumentou que a nova prisão contrariava uma decisão anterior da mesma Câmara, que havia concedido liberdade a Cândido no âmbito da Operação Apito Final, deflagrada em abril do ano passado.
Além disso, alegou que ele tem bons antecedentes, profissão lícita e residência fixa em Mato Grosso.
No entanto, o relator destacou que a prisão anterior foi substituída por medidas cautelares porque, inicialmente, suspeitava-se que Jonas Cândido teria atuado como "laranja" para ocultar a propriedade. Porém, novas apurações revelaram que ele participou ativamente da negociação do imóvel, o que justificou a nova decisão.
“Visualiza-se uma situação distinta, que afasta a aplicação do mesmo tratamento, especialmente porque ainda se investigam outros atos por ele praticados”, afirmou Machado.
A Operação Fair Play
A Operação Fair Play é um desdobramento da Operação Apito Final, que investigou um esquema de lavagem de dinheiro do tráfico de drogas em Cuiabá, especialmente na região do bairro Jardim Florianópolis. A organização criminosa utilizava imóveis para ocultar recursos ilícitos.
As investigações apontam que a compra do apartamento em Itapema foi realizada em outubro de 2023, com um pagamento inicial de R$ 500 mil e cinco parcelas de R$ 50 mil, totalizando R$ 750 mil.
Os valores foram quitados por meio de 284 depósitos bancários feitos por pelo menos cinco comparsas de Paulo Witer. Parte do dinheiro foi repassada diretamente à construtora, enquanto o restante foi destinado aos antigos proprietários.
Com a negativa do habeas corpus, Jonas Cândido permanece preso enquanto as investigações avançam. O caso reforça a atenção das autoridades sobre a utilização de bens de alto valor para encobrir recursos de origem criminosa.