O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, advertiu que seu país não aceitará uma paz que signifique sua rendição ou colapso, em um momento em que a Europa debate como reforçar sua própria defesa sem depender dos Estados Unidos.
Pouco antes de viajar para Bruxelas para uma reunião crucial com líderes europeus, ele se manifestou no X: “Agradeço a Emmanuel Macron por sua visão clara e seus esforços conjuntos para alcançar a paz”, escreveu, após o discurso do presidente francês, que insistiu na urgência de a Europa assumir sua própria segurança diante de ameaças como a Rússia.
No entanto, o líder ucraniano destacou que qualquer acordo deve ser real e “não pode significar a capitulação ou o colapso da Ucrânia”.
O discurso de Macron marcou uma nova abordagem sobre a segurança europeia, após a decisão de Donald Trump de suspender temporariamente o fornecimento de armas e inteligência a Kiev, com o objetivo de pressionar Zelensky a aceitar uma negociação com a Rússia sob os termos de Washington.
Neste contexto, o presidente francês abriu o debate sobre a possibilidade de estender aos aliados europeus o guarda-chuva nuclear da França, o que poderia redefinir a estratégia de defesa do continente diante da incerteza sobre o compromisso dos Estados Unidos.
Zelensky, por sua vez, apoiou a liderança europeia no apoio à Ucrânia e destacou que “apreciamos profundamente a liderança e os esforços de todos os que reforçam as capacidades defensivas da Europa”.
A suspensão do apoio militar dos Estados Unidos enfraquece a posição da Ucrânia no campo de batalha, enquanto seus aliados europeus avaliam como manter o fluxo de assistência.
A ação de Washington responde à estratégia de Trump de forçar uma negociação com Moscou, o que gerou tensões entre Kiev e a Casa Branca.
Conselho Europeu
Zelensky estará nesta quinta-feira (6) em Bruxelas para participar do Conselho Europeu e se reunir com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen; o secretário-geral da OTAN, Mark Rutte; e o primeiro-ministro da Bélgica, Bart De Wever.
A visita de Zelensky começará com uma reunião com o chefe de governo belga, seguida por uma declaração à imprensa. Depois, o presidente ucraniano se encontrará com o líder do Conselho Europeu, António Costa, e com Von der Leyen.
O encontro com Rutte ocorrerá após a participação de Zelensky no Conselho Europeu, que acontece no contexto da retirada do apoio dos EUA à Ucrânia.
O Conselho tem como objetivo permitir que os líderes europeus aprofundem seus planos de redobrar o apoio à Ucrânia e reforçar a defesa europeia, diante da incerteza sobre a continuidade do respaldo dos EUA.
A Ucrânia afirmou na quarta-feira (5) que pretende manter novas conversas com os Estados Unidos para pôr fim à guerra com a Rússia, após Washington suspender o intercâmbio de dados de inteligência.
“Hoje, as equipes ucraniana e americana começaram a trabalhar em uma próxima reunião”, declarou Zelensky em sua fala diária, sem especificar quando ou onde ocorrerão essas novas conversas.
“Todos queremos um futuro seguro para nosso povo. Não um cessar-fogo temporário, mas o fim da guerra de uma vez por todas. Com nossos esforços coordenados e a liderança dos Estados Unidos, isso é totalmente factível”, escreveu o líder ucraniano nas redes sociais, após uma conversa telefônica com o chefe de governo alemão, Olaf Scholz.