O golpe da empresa Imagem Eventos, acusada de cancelar dezenas de formaturas de última hora em Cuiabá, já soma 126 boletins de ocorrência registrados e um prejuízo estimado em R$ 7 milhões. A informação foi confirmada nesta terça-feira (04.02) pelo delegado Rogério Oliveira, da Delegacia Especializada do Consumidor (Decon), que investiga o caso. Segundo ele, até o momento, nenhum valor foi devolvido às vítimas.
O escândalo veio à tona na última semana, quando diversos estudantes que haviam contratado a empresa para suas festas de formatura foram surpreendidos pelo cancelamento dos eventos, alguns com apenas um dia de antecedência. A turma de Medicina da Univag, por exemplo, pagou mais de R$ 1,5 milhão pela celebração, que deveria ter ocorrido no sábado (1º.02), mas os formandos ficaram sem resposta e sem festa.
A empresa, administrada por Márcio Nascimento e Eliza Severino, simplesmente fechou as portas na sexta-feira (31.01) e os proprietários desapareceram, deixando milhares de estudantes e seus familiares no prejuízo. Outras turmas de cursos como Direito, Odontologia e Nutrição também foram vítimas do suposto golpe.
Diferente do que foi propagado de que os proprietários saíram do país, o delegado disse que eles estão no Brasil, mas que fugiram para casa de parentes em outros estados.
Familiares dos estudantes já anunciaram que irão acionar judicialmente a empresa por estelionato e danos morais e materiais. A empresa tentou recorrer à Justiça para evitar o colapso financeiro, mas a tentativa foi frustrada.
O juiz da 1ª Vara Cível, Márcio Aparecido Guedes, negou o pedido de recuperação judicial da Imagem Eventos, alegando falta de documentos essenciais e inconsistências nas informações apresentadas pela empresa. A decisão indica que a empresa pode ter que enfrentar um pedido de falência, caso não consiga negociar com credores e regularizar suas pendências financeiras.
A Imagem Eventos alegou dificuldades financeiras desde a pandemia da COVID-19, quando houve uma queda na contratação de serviços de eventos, e justificou a recuperação judicial como um meio de ressarcir os clientes e reagendar as festas.
No entanto, o magistrado apontou que a empresa não apresentou provas de que ainda possui condições de continuar operando, deixando credores e clientes sem garantias.
Além disso, a Justiça identificou tentativas da empresa de ocultar informações, como o pedido de sigilo da ação ao mesmo tempo em que divulgava publicamente a recuperação judicial para os credores. A decisão também destacou que o site e as redes sociais da empresa foram suspensos, reforçando a suspeita de que não há mais interesse na continuidade das atividades.
Com a extinção do pedido de recuperação judicial, os formandos afetados seguem sem qualquer perspectiva de reembolso. Enquanto isso, o caso segue em investigação na Polícia Civil, que tenta localizar os responsáveis e esclarecer o paradeiro dos valores pagos.