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POLICIAL Domingo, 10 de Novembro de 2024, 13:51 - A | A

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VEJA

Homem aranha cuiabano já invadiu cerca de 60 apartamentos

o Homem-Aranha cuiabano utiliza talento parecido para uma prática muito menos nobre: ele escala prédios e invade apartamentos para furtar

MídiaNews

 

Ao ser picado por uma aranha radioativa, o personagem dos quadrinhos Peter Parker ganhou superpoderes e, como o Homem-Aranha, passou a combater os crimes de Nova York. No mundo real, a milhares de quilômetros dos Estados Unidos, o Homem-Aranha cuiabano utiliza talento parecido para uma prática muito menos nobre: ele escala prédios e invade apartamentos para furtar.

 

Jackson Luiz Oliveira Santos, de 25 anos, se tornou uma figura conhecida da Polícia em Cuiabá por desafiar as leis da gravidade e escalar, sem o auxílio de ferramentas, prédios de até 18 andares.

 

Quando viu os policiais, abaixou a cabeça e disse: ‘Vocês de novo?

Com esta prática, o Homem-Aranha acumula cerca de 60 boletins de ocorrência por furtos, 15 processos judiciais e três prisões, ocorridas em 2019, 2022 e 2024.

 

Apesar dos dados exorbitantes, o delegado da Delegacia Especializada de Roubos e Furtos (Derf), Guilherme Betoli, alerta que o  número de registros na Polícia Civil podem estar subnotificados devido à falta de boletins de ocorrência formais dos crimes ou à ausência de identificação do autor no momento do registro.

 

Com o histórico de uma década cometendo furtos na modalidade, Jackson se tornou o nome mais temido na Baixada Cuiabana quando se fala em crime envolvendo a escalada em edifícios.

 

Sua última prisão ocorreu no dia 11 de outubro, na região do Porto, após inúmeros registros de invasão a residências.

 

“Na hora em que os policiais o viram, ele estava na região do Porto com uma camisa do Flamengo. Quando viu os policiais, abaixou a cabeça e disse: ‘Vocês de novo?’. ‘Mas é que você não para de furtar’, responderam os policiais”, relembra Bertoli.

 

Na ocasião, Jackson completava pouco mais de dois meses em liberdade. Ele havia sido solto em 1º de agosto, após passar cerca de dois anos preso pelos mesmos crimes. Informações da Polícia Civil apontam que, em apenas 60 dias em liberdade, Jackson invadiu ao menos 22 apartamentos na capital.

 

“De agosto até o momento da prisão, aproximadamente 22 furtos foram cometidos, sendo que 18 ocorreram no período de duas semanas”, explica Bertoli.

 

Furtos cometidos e modos operandi

Em entrevista concedida à imprensa no momento em que foi preso, ainda em 2022, Jackson afirmou que a primeira vez que praticou a escalada foi aos 14 anos. Na ocasião, o Homem-Aranha falou orgulhoso sobre seus feitos.

 

“Ele mesmo disse que começou a escalar na adolescência. Apesar de estar sob efeito de drogas quando pratica, é uma modalidade que o desafia. Ele chegou até a mencionar na entrevista que se sentiu orgulhoso de ter escalado 18 andares. Ele até agradeceu às vítimas por colocarem cercas nas sacadas, porque isso o ajudava a escalar”, conta o delegado.

 

Acostumado a invadir prédios residenciais, Jackson é constantemente filmado por câmeras de segurança. Em um dos vídeos registrados em agosto, ele aparece escalando o muro do edifício Solar d’America.

 

Nas imagens, Jackson vai até a porta do local, olha para os lados e, aproveitando a ausência de pessoas na rua, escala o muro.

 

Esse era o primeiro passo que para a realização dos furtos. Após ter acesso à parte interna dos condomínios, ele utilizava escadas e elevadores para verificar quais apartamentos estavam abertos durante a noite. Ao conseguir entrar nas residências, ia em busca de pequenos objetos, como celulares, notebooks, joias e dinheiro.

 

“Ele diversificava, mas sempre começava pela escalada do muro de acesso. Em outros casos, escalava também os andares pelo lado de fora. Os apartamentos variavam, normalmente sendo edifícios localizados em áreas nobres de Cuiabá. Ele imagina que pode haver objetos de valor e acaba levando pequenas coisas, como notebooks e eletrônicos, que são fáceis de vender em bocas de fumo”, explica Bertoli.

 

Reincidência 

Segundo o delegado, ao sair da cadeia, o Homem–Aranha precisa lidar com uma situação de vulnerabilidade. Dependente químico e vivendo em situação de rua, encontra na prática dos furtos uma forma de alimentar o vício.

 

“Assim que ele teve a liberdade, voltou a praticar crimes para sustentar o vício. Ele também é morador de rua. Assim que sai, começa a praticar esses crimes. Acho que falta uma sinergia entre as secretarias, fora da Segurança Pública, para acompanhar mais de perto a situação dessas pessoas’, diz.

 

Investigações policiais

Devido a uma queda que sofreu em uma de suas escaladas, Jackson tem dificuldade para andar, o que facilita sua identificação nas imagens das câmeras de segurança.

 

“Ele tem uma situação até peculiar... Quando é praticado esse tipo de crime, a gente imagina que, se ele estiver em liberdade, será ele. E ele tem um problema na perna, que ocorreu devido a uma queda durante um furto. Então ele ainda manca”, afirma.

 

Apesar dos inúmeros relatos e da singularidade com que pratica o crime, Bertoli  alerta para a importância de realizar denúncias formais em caso de invasão ou tentativa de invasão, para auxiliar os investigadores.

 

“A importância é fazer o BO mesmo que tenha sido uma tentativa que não tenha resultado em um furto consumado. Às vezes, a vítima não verifica que nada foi levado, mas é importante registrar a ocorrência para termos uma dimensão da gravidade do que está acontecendo”.

 

Devido à grande quantidade de casos registrados pela Polícia Civil, o prejuízo resultante das invasões do Homem-Aranha permanece incalculável, já que para além dos danos materiais há os traumas psicológicos.

 

“Quando não há um crime de violência com ameaça contra a pessoa, gera-se uma violência patrimonial. A pessoa dedicou tempo de sua vida para conquistar aquele patrimônio e, além disso, existe a sensação de medo que a vítima cria, achando que o criminoso pode voltar ao local do crime”.

 

 “Não há um valor estipulado de prejuízo que ele ocasionou durante esses furtos, porque são vários apartamentos. O valor estipulado é feito por meio de uma avaliação direta ou indireta de acordo com cada vítima. Então, cada vítima que faz o BO menciona o que foi levado e, durante a investigação, isso é considerado”, acrescenta o delegado.

 

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