O deputado estadual Faissal Calil (Cidadania) fez duras críticas ao governo de Mato Grosso nesta quarta-feira (12.03), acusando a gestão estadual de transformar o estado no “governo do pedágio” com a concessão de mais de dois mil quilômetros de rodovias estaduais à iniciativa privada. Segundo ele, a população será a maior prejudicada, tendo que arcar com o custo das novas praças de pedágio que surgirão ao longo das estradas.
“O governo está transmitindo para empresas privadas a concessão de rodovias boas, e quem vai pagar vai ser a população. É um absurdo”, declarou Faissal durante discurso na Assembleia Legislativa. O parlamentar destacou que, ainda no mandato passado, apresentou um projeto de lei para que concessões de rodovias passassem por aprovação do Legislativo antes de serem implementadas, mas a proposta foi rejeitada. “Infelizmente, o projeto não foi aprovado e, para surpresa de todos os mato-grossenses, agora temos mais seis concessões de rodovias sendo leiloadas, com a instalação de 32 praças de pedágio”, denunciou.
A sessão pública do leilão das rodovias ocorre nesta sexta-feira (14) na Bolsa de Valores de São Paulo (B3), às 14h. No total, serão concedidos 2.104 quilômetros de rodovias estaduais, com previsão de R$ 8 bilhões em investimentos ao longo de 30 anos. O governo argumenta que a concessão permitirá melhorias na infraestrutura viária, garantindo mais segurança e desenvolvimento econômico para as regiões atendidas.
Faissal, no entanto, vê o processo como um golpe contra a população, que terá que pagar tarifas de pedágio para trafegar em estradas que já são de boa qualidade. “Estamos vivendo no estado do pedágio. É um modelo que fere a democracia porque não há participação do parlamento nas decisões. Isso se parece mais com uma ditadura”, disparou o deputado.
As rodovias concedidas abrangem diversos municípios, incluindo Cuiabá, Chapada dos Guimarães, Tangará da Serra, Sinop e Juína. Segundo o edital do leilão, as empresas interessadas devem apresentar suas propostas com base no critério de menor tarifa de pedágio, garantindo investimentos progressivos na manutenção das rodovias.
Diante do avanço do programa de concessões, Faissal defende que a Assembleia Legislativa retome a discussão sobre a regulamentação desse tipo de processo. “O parlamento precisa ser forte para defender a população, e não um mero espectador das decisões do Executivo”, concluiu.