Em uma entrevista ao programa Conexão Rural, Neri Geller (PP), ex-secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), teceu duras críticas à condução do ministério pelo atual titular da pasta, Carlos Fávaro.
Geller acusou a gestão de ser "acéfala" e afirmou que, desde sua exoneração e a saída de outros profissionais, não foram apresentadas políticas básicas para o agronegócio brasileiro.
De acordo com Geller, o Mapa tem negligenciado medidas essenciais, como crédito, seguro agrícola e garantia de preço mínimo, o que estaria desestimulando o setor.
"Os contratos são uma vergonha. Isso não é ajudar o governo", afirmou durante a entrevista.
O ex-secretário também voltou a comentar sobre o polêmico leilão de arroz que culminou em sua exoneração, em junho de 2024.
Segundo ele, Fávaro teria insistido na pauta para agradar ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, apesar de alertas sobre possíveis desequilíbrios no mercado.
"O preço do arroz é globalizado, e o leilão geraria especulação e insegurança no fornecimento. A insistência do ministro foi política e gerou toda a lambança que vimos", declarou.
A polêmica ganhou força quando o leilão resultou na escolha de empresas que não atuam no setor agrícola, como sorveterias e locadoras de máquinas, para adquirir lotes de arroz.
Apenas uma das vencedoras pertencia ao setor, mas tinha ligações pessoais com Geller, gerando suspeitas de favorecimento.
Após a descoberta das irregularidades, Fávaro comunicou a demissão de Geller, que nega ter pedido exoneração.
O episódio expôs um racha interno na gestão do Mapa e levantou dúvidas sobre a condução das políticas agrícolas no governo atual.